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Joaquim Francisco de Sousa

1944 - 2020

Dedicava-se às boas conversas, sempre praticando a empatia, à costura de redes de pesca e à música sertaneja.

O que estivesse ao alcance de Quinquinha, jeito carinhoso como Joaquim era conhecido, ele fazia: dava conselhos, oferecia cuidados e resolvia as intrigas que surgiam. Sabia colocar-se no lugar do outro como ninguém. Lembrava mesmo um paizão que adota filhos e filhas por aí, sempre se fazendo presente e sem medir esforços para ajudar quem precisava.

A sensibilidade o fazia dedicar seu tempo às boas conversas, à costura das redes de pesca e a apreciar as músicas sertanejas de que tanto gostava. Também foi instrumentista e tinha o costume de tocar as mesmas três músicas no violão: duas autorais, em ritmo de valsa, e “Fuscão Preto”, sucesso do Trio Parada Dura

As paixões de Joaquim poderiam ser resumidas, mas não limitadas, a estes três pontos: pesca, filhos e música sertaneja. Pescar já não era uma possibilidade (exigia uma energia com que não contava mais), mas seguia costurando as redes e mantendo viva a paixão. Quanto ao apego pelos filhos, o caçula Gabriel exemplifica: “Eu e duas irmãs viajamos para São Paulo por quinze dias; quando voltamos, a felicidade no olhar dele por poder matar a saudade foi, de longe, a coisa mais linda do mundo”.

Por meio dos ofícios de pedreiro, carpinteiro e serralheiro, Joaquim tirou o sustento para si e a família.

Algo que o entristecia era presenciar a maldade nas ações das pessoas. Buscou cultivar a bondade e a sabedoria como propósitos na vida.

Nas recordações que deixa aos familiares, prevalecerão seus valiosos ensinamentos: erguer a cabeça e seguir adiante, independente das circunstâncias; manter a calma e pensar muito bem antes de tomar qualquer decisão, e nunca deixar os sentimentos interferirem nas decisões.

Sorte de quem teve a chance de aprender tanto com essa vida preciosa.

Joaquim nasceu em Santa Luz (PI) e faleceu em Brasília (DF), aos 76 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pelo filho de Joaquim, Gabriel Carlos. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Júllia Cássia, revisado por Paola Mariz e moderado por Lígia Franzin em 2 de abril de 2021.