1968 - 2020
Em algum lugar, tem um axé bem alto tocando... é Joca, pedalando, com seu grande sorriso!
"Joca" trabalhava como vigilante. Às vezes, aparentava uma fisionomia emburrada, mas era só fachada e tinha um coração grande. Quem o conquistasse, ganhava um amigão e logo conhecia seu sorriso farto.
Sempre de bem com a vida, adorava Carnaval e festas em geral. Seu grande prazer era ouvir música bem alta. Principalmente um axé, já que era Chicleteiro de coração, ou um "Arrocha" do Olodum. "Vivia reclamando com ele com a altura do som e para me enrolar e conseguir continuar ouvindo o som alto como gostava, ele trocava para um forró, pois sabia que eu amava", conta "Ninha", como era conhecida Josinaide, sua irmã caçula.
Outra paixão em sua vida, era a religião. Por volta dos 40 anos, entrou para o Candomblé e, na casa que frequentava, era muito querido e respeitado.
"Joca" ou "Jocão", como alguns também o chamavam, tinha dois filhos: Luan Patrick, de 20 anos e Luna Cristina, de 14. Desde que se separou, o filho Luan foi morar com ele; e Luna, com a tia e a avô.
Amava animais, e deixa seu companheiro, o cachorro "Macaco Velho". Outro amor, ou melhor, obsessão, era por milho. Aliás, por comida em geral, pizza, lasanha... mas tudo tinha que ter milho.
Aos 50, descobriu que estava com diabetes. Fazia acompanhamento médico, mas por conta de seu gosto pela comida, para ele a dieta não era muito fácil. Foi quando teve uma ótima inciativa: comprou uma bicicleta e iniciou-se um grande amor: o grupo de ciclismo.
"Nosso Joca, era assim... de bem com a vida, sorridente, amigo, companheiro de todos. Incentivador de novos ciclistas... quando alguém não se sentia confiante dizia: "vamos lá, a galera ajuda e não deixa ninguém para trás.
Era feliz pedalando, não importava se na frente ou lá no final, o importante era estar junto.
Quando enfrentava uma ladeira, era a hora dos amigos retribuírem o carinho, davam um "empurrãozinho" e ele chegava ao topo.
Amigo, sua alegria permanecerá entre nós. Seu sorriso largo continuará em nossos corações. E, quando o PDR voltar a girar, saberemos que terá mais um ciclista, brilhando lá do céu", diz a homenagem feita pelos amigos do grupo de ciclismo do Pedal da Rótula, representados por Juarez Carvalho.
"Meu irmão era assim, rico de amigos e com sua partida, tive a dimensão disso. Agradeço por isso e também pelo cuidado que os profissionais de saúde da UTI, do Hospital Santa Helena de Camaçari, especialmente o Dr. João Cláudio Lyra e a Dra. Virgínia tiveram com ele", diz Ninha.
Joílson nasceu em Salvador (BA) e faleceu em Camaçari (BA), aos 52 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela irmã e pelo amigo de Joílson, Maria Josinaide Encarnação Silva e Juarez Carvalho. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Denise Pereira, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 26 de junho de 2020.