1959 - 2021
Apelidou carinhosamente todos os sobrinhos, era um nome mais divertido que o outro.
Na roça, desde cedo, José acompanhava o pai ao trabalho. Ajudou a cuidar dos seis irmãos mais novos. Sempre os protegia. Também os aconselhava.
Amava brincar com os irmãos e com os amigos. Contava piadas e imitava as pessoas. Divertia-se fazendo graça. O seu passatempo predileto era jogar bola, que eram feitas de lobeira, uma fruta do cerrado.
Melhor do que ficar até tarde brincando de chutar as lobeiras no esterco, era comer as ameixas de queijo que sua mãe fazia. Era o dia mais feliz da vida do José, lembram as irmãs.
José curtiu bastante a sua infância e sempre foi muito responsável. Começou a trabalhar muito jovem, entregando gás de cozinha para muitos montebelenses. E era muito asseado. “Se usasse uma camisa pela manhã no trabalho, voltava do almoço com outra, limpinha, sem nenhum cheiro de suor”, recordam as irmãs.
Contam os familiares que José tinha medo: do escuro, da chuva, de cobras, de sapos e de ratos. E chorava com facilidade. "Por várias vezes vi ele chorar, tinha muito medo de magoar as pessoas e sofria com isso", conta uma das irmãs.
Temente a Deus, acordava nas madrugadas para louvar e agradecer ao Senhor. Respeitava a religião de todos e partilhava o pouco que tinha. Sempre ajudava os irmãos em suas necessidades, recorda a irmã Luzamar, que curou uma anemia graças ao irmão mais velho.
Casou-se também muito novo. Da união com Luzia, nasceu a filha Kelen. Depois, com Lúcia, teve Tiago. Em seu terceiro casamento, com Renilda, encontrou companhia até os seus últimos momentos.
Sempre divertido, era o tio que gostava de colocar apelidos nos sobrinhos, conta Jhenifer, chamada por ele de “Jhenefenga”.
Além de Jhenifer, José apelidou Suiany de “Assuntane”. Lucykelly era “Lucitrele”, Walaci ele chamava por “Walaciiii”. Já Wemerson era o “Merson” e Sabrina foi batizada de “Sabruna”.
Com seu jeito caladão, guardava muito amor no coração, em especial pela família.
José nasceu em Moiporá (GO) e faleceu em São Luiz de Montes Belos (GO), aos 61 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela sobrinha e pelas irmãs de José, Jhenifer Gomes, Luzamar Aparecida Gomes e Marizete Rosa de Oliveira. Este tributo foi apurado por Rayane Urani, editado por Danielle Lorencini Gazoni Rangel, revisado por Emerson Luiz Xavier e moderado por Rayane Urani em 26 de maio de 2021.