José Ataliba Gomes de Souza

1948 - 2021

No seu silêncio, ele transitava com muita leveza entre as pessoas. Preferia ter paz a ter razão.

"Meu bom José, meu amor, meu porto seguro... um pai melhor que ele seria impossível!", assim Maria Ester, que conviveu com ele durante trinta e três anos e, em suas próprias palavras, considera-se uma "sortuda", começa sua homenagem ao marido e pai de suas duas filhas.

José era homem de poucas palavras, mas de muita fé. Era extremamente espiritualizado e amava a vida. Adepto do estilo "o que uma mão faz, a outra não precisa saber", ajudava silenciosamente muitos irmãos necessitados e costumava dar as costas para toda e qualquer discussão. Nunca se desentendeu com ninguém e era do tipo que prefere ter paz a ter razão.

As memórias relacionadas ao lugar preferido à mesa, à sua comida favorita, à mesa farta, à casa cheia e às festinhas em casa ─ que José tanto gostava ─ são lembranças doces e engraçadas que, acima de tudo, são gratificantes para a esposa. "Ele tinha uma paixão por sudoku, ficou extremamente feliz quando descobriu as melhores manobras para preencher as grades com números usando a lógica. Ele se deliciava e esquecia do mundo quando estava jogando", conta ela.

No último verão que passou na praia ao lado da família, surpreendeu a todos quando, só de observar as balbúrdias que suas meninas faziam ao se divertirem ouvindo e dançando os hits do momento, de repente apareceu dançando uma "pisadinha". Passou dias e dias cantarolando e se balançando, mesmo errando a letra e completamente desafinado.

O grande sonho de José Ataliba era ser médico, mas as origens humildes e a falta de oportunidades acabaram por levá-lo para outros caminhos profissionais. Entretanto, sua alegria foi enorme quando as filhas optaram pela Medicina. José não mediu esforços e apoio para que ambas concretizassem os próprios sonhos. "Com certeza ele estará lá do outro lado e muito orgulhoso na hora que elas forem diplomadas", afirma Maria Ester.

A família da esposa é imensa e ele amava as viagens para a praia quando todos se juntavam para o passeio. Ele também se dispunha a acompanhá-la ao shopping e esperar pacientemente que ela fizesse todas as compras e entrasse em todas as lojas que quisesse. "Ele sentia muito orgulho de nos ver realizando nossos sonhos ou qualquer outra pessoa correndo atrás dos seus desejos", lembra Maria Ester. Ele também foi cuidadoso durante o pós-operatório da esposa em novembro de 2020: "Após fazer uma abdominoplastia, ele me ajudava em tudo e abotoava os 60 colchetes da cinta modeladora com todo cuidado e paciência. Ele ficou mais feliz que eu com o resultado", conta ela.

Outro momento muito emocionante para José foi quando presenciou o pedido de casamento feito pelo genro a uma das filhas no Natal. Ele se sentiu o pai mais feliz do mundo e começou a sonhar e fazer planos para o grande dia.

Maria Ester é extremamente grata e agradece cada momento vivido ao lado de José: "Obrigada pela vida que dividimos juntos, por cuidar tão bem de nós, pelo amor que nos une, por não precisar de palavras para expressá-lo, por ser meu menino aventuras, por ser um pai fantástico e embarcar nos sonhos das nossas meninas e viver cheio de orgulho de cada passo delas. Obrigada, meu amor, por amar tanto minha família, por admirar e estimar tanto sua sogra (dona Filó). Você vivia na calmaria, na mansidão e na leveza com a qual transitava silenciosamente, como brisa leve, onde todos faziam questão de estar ao seu lado", agradece Maria Ester pelo marido que era um homem tão espiritualizado e que transmitia serenidade mesmo quando era ele quem precisava dela nos momentos difíceis.

"Ah, meu bom José, tenho tantas coisas lindas para falar a seu respeito! De como superamos os desafios da vida, de como o amor venceu. Nunca, nunca sairemos um do abraço do outro e nossas mãos seguem unidas", finaliza carinhosamente a esposa.