1955 - 2021
Era sempre o bom companheiro de cervejinha e de bate papo no fim do dia.
José Carlos foi um homem que amou a vida e soube aproveitá-la com intensidade, proporcionando momentos alegres, topando todos os programas que envolvessem praia, churrasco, pescaria, o Santos Futebol Clube ou qualquer outro tipo de diversão.
Era um apaixonado pelo neto e pelas filhas e se orgulhava de tudo que elas faziam. Adorava estar com a família e com os amigos, e ver sua casa sempre cheia era uma de suas maiores alegrias, não perdendo nunca essa oportunidade para receber a todos com um abraço bem apertado.
Sentado no portão de casa ou à mesa com a esposa e as filhas, "rolavam altos papos" e cerveja, como conta a filha Ana Carla. Ela relembra esses momentos com carinho. "O que ele sempre dizia nessas ocasiões era: 'Mariinha, é sua vez de pegar uma pro pai'. Era sempre a vez da minha irmã!", conta.
Os churrascos eram acontecimentos sagrados: “Lemoa, vamos assar uma carninha?” era o chamado de José. Os churrascos aconteciam na sexta, sábado, domingo ou quando a gente quisesse. "Ele e minha mãe eram supercompanheiros, sempre juntos, tomando uma cervejinha, assistindo a um filme”, conta Ana Carla.
José Carlos era dono de uma calma e tranquilidade que, às vezes, tiravam do sério quem vivia à sua volta, mas ele ensinou, com seu exemplo, a vivermos uma vida leve, repetindo incansavelmente: "não esquenta a cabeça com isso, não".
Trabalhava consertando geladeiras e máquinas de lavar, e isso fazia com que, durante todo o dia, tivesse gente chamando ao portão para requisitar seus serviços. Ele era um daqueles profissionais que não precisam de propaganda porque as indicações passavam de família para família.
Era conhecido em todo o bairro como um amigo para tudo que precisassem, e isso ficou demonstrado pelas inúmeras mensagens, telefonemas, orações e demonstração de carinho recebidos por ocasião de sua morte. Mesmo depois de seu falecimento, as pessoas ainda procuram pelo “Seu Zé” que conserta geladeira e máquina de lavar, e ficam sem reação quando são informadas que ele se foi. Com o espanto, vem sempre a afirmativa de que ele era uma pessoa boa, e de que ele não era somente um técnico que prestava bons serviços, mas uma pessoa que agia como se fosse um pai ou um irmão.
Para Ana Carla, a história de seu pai precisa ser eternizada. "Queremos garantir que o Bento saiba o avô incrível que ele teve, que o neto era o amor da sua vida e que ele amava a família acima de qualquer coisa”. Ela tem seguido a vida ancorada nas últimas palavras que dirigiu a seu pai: “Pai, a gente te ama muito. Você vai fazer muita falta, mas vai ficar tudo bem!"
José nasceu em Andradas (MG) e faleceu em Limeira (SP), aos 67 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela filha de José, Ana Carla Ramos Carvalho. Este tributo foi apurado por Larissa Reis, editado por Vera Dias, revisado por Elias Lascoski e moderado por Rayane Urani em 13 de novembro de 2021.