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José Duque Sobrinho

1944 - 2020

Inventava palavras para dizer no lugar de "palavrões" e adorava preparar o café da tarde todos os dias.

Com seu 1,70 m de altura, o tio Duti, como carinhosamente José Duque era chamado pelo sobrinho Eduardo desde pequeno, levava uma vida saudável, não ingeria bebidas alcoólicas e gostava de malhar. O sobrinho ainda conta: “nunca vi ele com barriga”.

Apaixonado pela mulher Daise, a quem chamava de “benzinho”, José Duque teve três filhos ― Darlan, Fernando e José Victor ― todos já maiores de idade, sendo Darlan fruto de seu primeiro casamento.

Era torcedor roxo do América do Rio de Janeiro e não era muito de escutar música, só pessoas! “Adorava a tranquilidade e uma boa prosa”, comenta o sobrinho que ainda complementa dizendo que o tio “não levantava a voz para nada, nada mesmo”. Sempre muito correto em suas ações, “não falava nem 'palavrão', inventava alguns nomes para substituí-los”, como "mucureba" e "potranco".

José Duque gostava de manter-se bem-informado, tinha por hábito acompanhar as notícias e fazer o café da tarde todos os dias. A saudade fica expressa nas palavras de Eduardo ao dizer: “Não te ver lendo o jornal ou arrumando a mesa do café vai ser difícil, tio”.

Ele era muito apegado à família, tanto que “mesmo sendo casado com minha tia materna, foi o meu tio mais próximo”, afirma Eduardo. Sempre receptivo, amava conservar sua granja, uma pequena propriedade rural, onde cuidava de tudo para a família desfrutar de momentos de lazer. Ele mesmo “nunca entrava na piscina”, lembra o sobrinho.

José Duque tinha uma postura bastante conservadora de um típico militar e era muito habilidoso com as palavras. Ele “adorava elogiar todos a sua volta e falar como estavam bonitos e bem-vestidos”, diz Eduardo.

O sobrinho revela que era difícil chamar a atenção do tio quando Duti fazia algo errado. Quando Eduardo chegava na casa do tio com essa intenção, logo desistia, pois era recebido tão bem, que não conseguia brigar com ele.

Todo o carinho da relação de Eduardo com o tio José Duque está guardado na memória de seu coração. Grato, o sobrinho despede-se com saudades: “Obrigado por tantas viagens, passeios, apoio, por ser meu amigo e por tantos bons exemplos. Sentirei muito a sua falta, tio Duti.”

José nasceu em Juiz de Fora (MG) e faleceu em Juiz de Fora (MG), aos 75 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pelo sobrinho de José, Eduardo Mendes Silva. Este tributo foi apurado por Thyago Soares, editado por Rosimeire Seixas, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 22 de outubro de 2020.