1962 - 2020
Esculpia pequenas pétalas em lataria, com muito cuidado, para presentear os familiares.
José Luiz foi uma daquelas companhias especiais que fazia de tudo para oferecer seu cuidado a quem precisasse. De coração sempre aberto, “não importava o dia e o tempo, se alguém precisasse dele largava todo o resto para ajudar”, conta Isabel, sua esposa. Como marido era uma joia preciosa. Estava o tempo inteiro do lado da amada, apoiando-a e incentivando-a em tudo. Até nas tarefas de casa dava sua contribuição!
Dessas, sem sombra de dúvida a sua preferida era ir para a cozinha. Na sexta-feira o lanche era por sua conta. Gostava de experimentar seus dons culinários e inventar temperos para acompanhar a comida. E claro, aos finais de semana, era quem comandava o churrasco para a turma.
No tempo livre, José era pescador por paixão, e amava sair com a turma para se divertir e contar histórias, como um bom pescador. Tinha todo o equipamento pronto, só esperando a próxima ocasião. “Quando pegava pouco peixe, ele dizia que não era um bom dia, mas que foi bom, sim, porque assim pôde descansar a cabeça”, lembra Isabel. O pescador não ficava em tempo ruim nem quando a pesca não rendia o esperado!
Sua criatividade mostrava traços em tudo que fazia: na cozinha, em seus desenhos e criações. Sabia muito bem como aproveitar as habilidades com mecânica e lataria que adquiriu exercendo seu trabalho com tanta dedicação. A dureza que se costuma ver nessa profissão era delicadamente transformada em arte que enfeitava sua casa e também suas relações.
A dedicação também era sua marca. A esposa lembra, com orgulho: “Sempre dizia ‘eu vou conseguir conquistar o meu desejo porque eu creio em Deus’. Sempre foi trabalhador e não tinha preguiça de pegar no pesado. Lutamos juntos para ter o que temos hoje”. Juntos, sonhavam em viajar muito e conhecer a beleza fora de casa, mas ali dentro construíram um ambiente de tanto aconchego e paz que não se comparava a nenhum outro canto do mundo.
Cultivou junto a Isabel uma relação de companheirismo que toca o coração de qualquer apaixonado. Mostrou seu lado cavalheiro desde que se conheceram, quando lhe deu carona para ela não voltar sozinha para casa. Ele a levava e buscava do trabalho, dividiam tudo que conquistavam, sonhavam juntos e construíram a vida da mesma forma. Em algumas situações, complementavam-se feito metades da laranja, como nas finanças: ele querendo aproveitar o dinheirinho e ela colocando um freio.
Era apaixonado pela Meg, sua “filha querida de quatro patas”, como diz Isabel. A cachorrinha foi carinhosamente apelidada por ele de “minha princesa” e o acompanhava em tudo. Quando saía de carro, lá estava Meg do seu lado. Quando iam dormir, ela já tinha lugar separado na cama. Era a filha de coração do casal; com ela o ditado que diz que “o cão é o melhor companheiro do homem” fazia todo o sentido.
José Luiz foi um homem muito família, desde a relação de amor que tinha com os pais até a que construiu depois, dando continuidade aos seus laços. Estava sempre junto aos filhos que tanto amava e, vovô coruja, era encantado pelos quatro netinhos.
Criatividade, família, delicadeza, história e parceria. Simplicidade que preenchia a vida com alegria. São essas marcas tão especiais que formaram José Luiz, e é dessa forma linda que será ternamente lembrado. Sem dúvida, seus toques e presentes em forma de afeto continuarão a enfeitar sempre as casas e os corações de quem o conheceu.
José nasceu em Curitiba (PR) e faleceu em Curitiba (PR), aos 57 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela esposa de José, Isabel Cristina Nowakowski. Este texto foi apurado e escrito por Gabriela Pacheco Lemos dos Santos, revisado por Paola Mariz e moderado por Rayane Urani em 19 de maio de 2021.