1930 - 2020
Ativo e espoleta, dirigiu seu carro até os 87 anos e amava sair todos os dias para caminhar.
Casado com Noeme, José Manoel foi pai de Suely, Suelene e Paulo aos quais ensinou a conquistarem suas carreiras e independência. Dentre os netos, o que possuía maior convivência e apego, era com Gabriel a quem sempre incentivou a estudar e a correr atrás de seus objetivos e desejava muito que ele se tornasse médico ou advogado.
Nas palavras de Gabriel, ele era: “Muito amável e éramos muito apegados. Foi uma pessoa incrível pra mim, que sempre fez tudo pra me ajudar e sempre acreditou e apostou tudo em mim. Tínhamos uma conexão incrível e abençoada por Deus”.
Quando mais novo, trabalhou na roça, depois foi servente de metalúrgica, faxineiro e se aposentou como fotógrafo. Ele apreciava contar diversas histórias de como era a vida no interior de Lajes e como ele se mudou para Goiânia. Seus maiores costumes eram fazer polenta, um prato que ele aprendeu a cozinhar em sua terra natal e que dizia ser comida bendita. O almoço de domingo era o seu preferido e não podia faltar o peixinho e a Coca-cola.
Aos sábados sempre ia à Igreja Adventista, da qual ele era membro. Logo pela manhã colocava a sua roupa social e, todo arrumado, pegava sua Bíblia e saía mesmo a pé. Às vezes pegava o seu carro e ia visitar igrejas de outras cidades. Mantinha-se sempre disposto a fazer passeios no Zoológico e andar nos parques, mas sempre levando sua Bíblia para ler. Gostava de ouvir hinos cristãos antigos da Harpa Cristã e os sabia todos de cor.
Tinha o hábito de sempre usar calça social e sapato e não abria mão de bons perfumes. Detestava esportes, mas assistia todo fim de ano à Maratona de São Silvestre.
Adorava caminhar todos os dias e dizia que era porque se sentia bem e ficava mais calmo. Muito ativo e espoleta, consertava e fazia tudo por conta própria. Um dia, durante uma chuva, uma telha quebrou e ele subiu em cima da casa para consertar e não deixar molhar a casa. Ele dirigiu carro até quando pôde e só parou aos 87 anos.
Gabriel guarda na memória muitas histórias vividas com o avô: “... Na época que existiam crianças que ficavam na feira fazendo serviço de levar compras, certa vez, ele me colocou dentro do carrinho porque eu estava embirrado e fez o rapaz me levar até em casa junto com as compras.”
“Todo ano íamos à Praça Cívica, em Goiânia, ver a decoração de Natal; depois íamos lanchar no Flamboyant Shopping, e depois íamos ver as luzes, na Praça Tamandaré”.
“...Viajamos para Inhuma, no interior de Goiás. Lá, fomos para igreja, e quando saímos o pneu tinha furado. Tivemos que ficar muitas horas na cidade até conseguir consertar. Por lá almoçamos, lanchamos, tomamos sorvete. Foi um dia maravilhoso, que eu nunca vou esquecer!”
E arremata com mais algumas recordações “Ele gostava de tecer redes e tarrafas para pesca, era ativo, muito responsável e cuidava do lar. Seu maior apreço era a esposa e os netos. Comida em casa nunca faltou. Gostava de caminhar, sair pra rua nem que fosse pra “respirar. Éramos muito apegados. Eu cuidava dele, levava ao médico e dentista, saía com ele pra comprar roupas e bonés — ele adorava boné, quanto mais colorido, mais chique ele achava. Com ele aprendi a estudar e correr atrás dos sonhos. Dedicar-me em tudo que fazia e me esforçar pra ser sempre melhor e acima da média”.
Para Gabriel, José Manoel não foi só avô, foi um pai a quem tem muito a agradecer e diz:” Pai, obrigado por tudo, obrigado por tanto! Te amo eternamente.”
José nasceu em Laguna (SC) e faleceu em Goiânia (GO), aos 90 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pelo filho de José, Gabriel Felipe Vicente. Este tributo foi apurado por Andressa Vieira, editado por Vera Dias, revisado por Bettina Florenzano e moderado por Rayane Urani em 29 de junho de 2022.