José Maria Lopes

1954 - 2021

Seu tom de voz alto a princípio assustava, mas só até revelar que ele era puro amor e generosidade.

Sempre disposto a ajudar a todos com o que estivesse ao seu alcance; com alimento ou dinheiro. Essa é uma das lembranças de José Maria, guardada pela filha Thamiris.

A grandeza do pai não se limitava à sua estatura. Estava presente também em seu amor pelo próximo, valor que motivou a filha a escolher a carreira de Serviço Social. Ela conta que aprendeu a "amar essa profissão após observar que ajudar o próximo era o que ele amava fazer. E é o que quero carregar para minha vida”.

Mesmo assim, às vezes, a primeira impressão que as pessoas tinham de José Maria não era a melhor, explica a filha. “É que ele assustava a todos com o tom de voz alto; mas depois, quem o conhecia de verdade, sabia do amor e carinho que ele tinha por todos que o cercavam”.

Casado há mais de vinte e cinco anos, José Maria foi pai de Matheus, Vinicius e Thamiris, e desfrutou da companhia dos netos Suellen, Izabel e Pedro. A filha conta como o pai era apaixonado pelos netos e que, mesmo morando em outro estado, sempre se fazia presente. Quando estavam juntos, ele fazia questão de garantir o lanche favorito da criançada: pizza.

Cada neto tinha sua particularidade na relação com o avô: Suellen, em um primeiro momento, impressionava-se com o seu tom de voz; Izabel herdou o nome da mãe de José Maria; e Pedro, o queridinho, era o que não se intimidava em demonstrar todo o amor pelo vovô.

José Maria estudou em colégio interno e trabalhou na indústria até se aposentar. Pôde então desfrutar de alguns prazeres, como o de ir todos os dias à banca de jornal, fazer a sua fezinha na loteria, tomar uma cerveja bem gelada e uma “branquinha”, como ele dizia, para abrir o apetite.

Thamiris recorda ainda da emoção do pai ao realizar o sonho de levá-la até o altar em seu casamento, em 2018. Um dia que ficará na memória da filha. “Lembrarei do sorriso e do abraço que me deu ao me ver vestida de noiva e me levar ao altar. Ele só sabia me chamar de 'minha princesa' e dizer 'como está linda'. Com certeza aquele momento trouxe muito orgulho para ele”.

Além da paixão pela família, o carioca José Maria gostava de ouvir músicas antigas, dos anos 70 e 80, na rádio. Era botafoguense de coração, gostava de futebol, de praia e não perdia uma oportunidade de ir à Angra dos Reis, para uma casa que seus pais lhe deixaram de herança. E foi nesse lugar, que ele tanto amava, que José Maria escolheu estar no momento de despedir-se da vida.

Para Thamiris, além das memórias tão especiais, o conforto pela partida de José Maria vem da certeza de que ele a acompanhará no exercício da profissão que escolheu, inspirada na grandeza do pai.