1948 - 2020
Tinha o poder de reunir as pessoas e de fazê-las sorrir.
José era mecânico de aeronaves, amava seu trabalho. "Posso dizer que o trabalho foi o orgulho e a paixão dele", comenta a filha Adriana.
Saiu de Minas Gerais e foi para São Paulo aos 18 anos para trabalhar no Campo de Marte. De cara, apaixonou-se pela aviação. Chegou a dar uns saltos como paraquedista, mas seguiu firme como mecânico por mais de quarenta anos.
Tornou-se referência na área. "Lembro-me de muitos colegas ligando pra pedir opiniões e trocar informações", comenta Adriana. José era muito zeloso com suas ferramentas e equipamentos. Mantinha tudo limpo e arrumado. "Apesar de mecânico, nunca vi meu pai com as unhas sujas", diz a filha.
Deixou esse legado: fazer tudo com excelência. Dar sempre o melhor.
Ele amava os churrascos com a família e uma cerveja com os amigos. Adorava tirar sarro das pessoas, algumas imitava a forma de falar, outras colocava apelidos. Querido por todos, José não se furtava a compartilhar suas opiniões. De personalidade marcante, era a alegria das festas e reuniões familiares, pois brincava com todos e sempre tinha uma boa história sobre qualquer assunto pra contar. "Especialmente sobre quando era criança em Matipó, no interior de Minas Gerais, e traquinagens com os irmãos ou primos", acrescenta Adriana.
Sua alegria e carisma a todos encantavam. "Quando éramos crianças", lembra-se Adriana, "ele nos pegava pelos tornozelos e nos segurava com as mãos, de ponta-cabeça. As crianças faziam fila para participar dessa brincadeira".
Foi esposo, pai, avô, sogro, tio, cunhado... Deixou muitas saudades, em especial, de suas histórias e falação. Exalava força, garra e vontade de trabalhar, não tinha preguiça. Seu senso de responsabilidade era tão grande que, se combinava algum compromisso era certo que o cumpria com pontualidade. Nunca faltou ao trabalho, e antes da Covid-19 nunca ficou acamado por qualquer motivo que fosse. Era direto, falava o que pensava, sem rodeios.
Apaixonado pela família, quando estava em casa, envolvia-se em algum reparo ou cuidava das plantas. Deixou como lição e legado a responsabilidade e o amor ao trabalho, e o dever e devoção à família, por quem sempre lutou em todos os momentos.
"José Primo foi uma figura ímpar, um homem honrado, bastante pitoresco, a ponto de contagiar o ambiente com sua presença e irradiante alegria", define o irmão Antônio.
"Zé da Fátima, era como falávamos quando nos dirigíamos a ele. Jamais deixou transparecer qualquer contrariedade, senão a alegria que sempre espalhou por onde passava. Com alma tomada de saudade, reconheço que Matipó perde um de seus nobres cidadãos, assim como toda a nossa família", despede-se o irmão.
José nasceu em Matipó (MG) e faleceu em Bandeirantes (PR), aos 72 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela filha e pelo cunhado de José, Adriana Suzana Salvador Volquer e Antônio Pereira de Mesquita. Este tributo foi apurado por Lígia Franzin, editado por Ticiana Werneck, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 14 de fevereiro de 2021.