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José Ramiro da Silva

1956 - 2020

Em suas mãos o dom de construir moradas. Em seu coração o dom de ser morada para quem precisasse de afeto.

Para José Ramiro, sua família ia muito além daqueles que dividiam com ele a mesma casa, a querida esposa Ivani e os filhos Débora, Denilson e Danilo. Para esse homem, cujos sobrinhos carinhosamente chamavam de "sangue bom", família era qualquer pessoa que estivesse precisando de ajuda.

Esse homem amoroso não conhecia as frases "Não posso."; "Não vai dar."; "Não tenho como ajudar.". Para tudo ele arranjava um jeito. E a sua vontade de consertar o mundo era tamanha, que Ramiro nasceu com o dom abençoado de construir e reformar. Aprendeu sozinho. Bastava alguém precisar, lá ia o "sangue bom" erguer parede, bater laje, trocar piso, o que fosse necessário ele fazia. E fazia de coração, não cobrava nada, não.

A sobrinha Márcia fez questão de honrar a memória desse tio - que ela amava demais -, como forma de expressar toda sua admiração pelo homem corretíssimo e de coração doce, que seguiu todos os protocolos para se prevenir do coronavírus; inclusive, ligava todos os dias para sua irmã perguntando se ela estava se cuidando direitinho. "Meu filho de oito anos rezou de joelhos pedindo a Deus por ele, quando soube que tio Ramiro estava doente.".

Dentre as obras de José Ramiro, certamente o seu xodó era a casa de praia que ele comprou e reformou. A casa fica na Praia Grande, litoral sul do Estado de São Paulo. Ali era o seu pequeno paraíso na Terra, onde ele ficava em paz sentado na areia, observando o mar; ali ele tomava sua cervejinha e ouvia os sambas de Diogo Nogueira.

O tio José Ramiro, o "sangue bom" será sempre lembrado por sua generosidade, pelo sorriso estampado no rosto, e por ser uma pessoa tão querida e amada por todos. Ele tinha, sim, o dom de deixar tudo mais bonito com suas obras; mas o seu maior dom - de verdade -, era a bondade pura do seu coração. José Ramiro deixa saudades e jamais será esquecido.

José nasceu Maceió (AL) e faleceu Santo André (SP), aos 64 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela sobrinha de José, Márcia Gisele de Jesus. Este tributo foi apurado por Ana Macarini, editado por Ana Macarini, revisado por Ana Macarini e moderado por Rayane Urani em 14 de fevereiro de 2021.