1948 - 2020
Seu Urbano era a prosa sem hora para acabar.
Funcionário público, edificou a família com sua esposa Almerinda.
Cumpriu os papéis de pai e mãe, avô e avó, com o falecimento da amada.
Desde jovem, sabia que o conhecimento era a única coisa que não poderia lhe ser retirado.
Noveleiro, divertido, amava ouvir música, lembra a filha Beatriz.
_
Desde jovem, sabia que o conhecimento era a única coisa que não poderia lhe ser retirado e alertava seus familiares.
Funcionário público, edificou a família com sua esposa Almerinda. Juntos criaram três filhas: Fernanda, Flávia e Ana Beatriz.
Cumpriu os papéis de pai e mãe, avô e avó, com o falecimento da amada. Dividia seu apartamento com as filhas e, mesmo que não morassem lá, fazia questão de chamá-las sempre que possível.
“Vem pra cá almoçar, Flávia”, lembra a filha do meio, que corria para a casa do pai com frequência.
Com os netos, se divertia e os educava ao mesmo tempo. Sua neta, Maria Laura, chegou a esconder a chave de casa para que o avô evitasse sair em meio à pandemia.
Essa era uma tarefa difícil para seu Urbano, proseiro e cheio de amizades. Gostava de dirigir sem rumo ou sair pelo bairro apenas pelo prazer de caminhar e de se surpreender com uma boa conversa. Adorava paquerar, pela rua ou até mesmo pelo telefone.
Fernanda, a filha mais velha, relata uma das escapadas do pai: “Certa vez, ele saiu de casa e estava demorando muito para voltar, sem contar que ele não atendia o telefone de jeito nenhum. Depois de horas de preocupação, ele voltou pra casa sorridente e com um galeto comprado no caminho.”
Em casa, gostava de ouvir um brega no último volume e não perdia um capítulo da novela. Ele entrava dentro da trama, sentia as dores dos personagens. Revoltava-se com as vilãs ou vilões, comentava com as filhas: “Essa fulana, é uma peste!”
Os conselhos de Seu Urbano vão deixar saudade...
Antes de partir, disse que amava muito suas filhas e seus netos, lembra a filha Flávia.
José nasceu em São Luís (MA) e faleceu em São Luís (MA), aos 72 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pelas filhas de José, Beatriz Rangel Urbano e Flávia Urbano. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Beatriz Moraes, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 18 de junho de 2020.