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José Teixeira

1937 - 2020

Pai e avô carinhoso, repetia sempre as mesmas histórias, mas cada vez com mais amor.

A alegria dos almoços de domingo era ouvir, repetidas vezes, as histórias contadas por esse mineiro de Caratinga. Ao longo dos seus 83 anos e lutando contra o mal de Alzheimer, José não deixava transparecer as dores da doença e se mostrava cada dia mais forte.

Foi um pai afetuoso e avó amável. Querido por todos, criou os sete filhos, sendo dois homens e cinco mulheres, e nunca se esqueceu dos 13 netos e da bisneta. A esposa partiu 18 meses antes da sua despedida terrena. A neta Larissa conta que ele se preocupava com todos e que, ao longo do percurso, algumas memórias ficaram para trás, porém nunca se esquecia do amor que sentia pela família.

O carinho para com os netos não tinha fim. José tratava a todos com bastante naturalidade, acolhimento e simpatia. E sempre com o cuidado de ouvir todos os seus anseios. Com a neta Larissa, por exemplo, guardava os segredos do relacionamento dela e no Natal de 2019 já cobrava a data do casamento.

Uma das características mais marcantes de José era que ele repetia com frequência os casos antigos. Todos ficavam atentos, como se estivessem ouvindo a narrativa pela primeira vez, mas, pelas trocas de olhares e por segurarem o riso, indicavam que a história já era antiga. Nos grupos da família no aplicativo de mensagens faziam as apostas: “Hoje será a história do fulano”, recorda com saudosismo Larissa.

Agora, os almoços de domingo nunca mais serão os mesmos. Quem tratava de tudo com muita calma vai repousar mineiramente enquanto recordarmos inúmeras vezes a sua bela história.

José nasceu em Caratinga (MG) e faleceu em Manhuaçu (MG), aos 83 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela neta de José, Larissa Breder Teixeira. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Gabriel Rodrigues, revisado por Paola Mariz e moderado por Rayane Urani em 27 de novembro de 2020.