1946 - 2020
Negro, de cabelos e bigode brancos, um homem de periferia, que lutou muito na vida.
Tio Zenildo liderava o grupo de cantoras da igreja. Transformava melodias em samba. Dono de um alto astral indescritível, não largava o sorriso do rosto. Quando estava muito feliz, batia e esfregava as mãos, irradiando energia, como quem não cabe dentro de si.
Não há lembranças registradas de Tio Zenildo ranzinza, triste ou chateado. Ele era feliz até nas horas tristes. Sua visão positiva da vida o aproximava de muita gente. Aliás, essa era sua grande paixão: gente. Estava sempre com a casa cheia. Boêmio de carteirinha. Tia Pê que o diga.
Tio Zenildo era famoso por conseguir emprego para as pessoas. Certo dia, levou um amigo para fazer o teste de admissão na metalúrgica que trabalhava. O homem, sem escolaridade, não soube responder as perguntas da prova. Tio Zenildo esperou a brecha perfeita e quando o avaliador saiu da sala, entrou sorrateiramente e, escondido embaixo da mesa, preencheu as questões para seu amigo, que conseguiu o emprego.
Josenildo Medeiros da Silva era um homem iluminado. Um guerreiro que venceu muitas batalhas e ajudou muita gente a vencer as suas. Um exemplo de pessoa.
Metalúrgico aposentado, 74 anos, casado com Pedrelina Medeiros da Silva, morador da comunidade de São Mateus, em São Paulo. Amado por todos em sua volta. Faleceu no dia 1 de maio, dia do trabalhador, vítima do coronavírus no Brasil.
Josenildo nasceu São Paulo e faleceu São Paulo, aos 74 anos, vítima do novo coronavírus.
Jornalista desta história Mayara Castro, em entrevista feita com sobrinho Renan Souza, em 23 de maio de 2020.