Joseval da Silva

1966 - 2021

Gostava de surpreender a família com viagens não programadas para a praia.

Joseval trabalhou na roça desde muito novo, junto aos seus pais e mais nove irmãos. Passaram por muitas dificuldades, era uma vida de muitas privações. Quando pôde frequentar a escola ia descalço, e um saco de arroz servia para levar seus materiais, uma vez que ele não possuía mochila.

Deixou o meio rural em busca de novas oportunidades. Na cidade, casou-se, construiu família e voltou a estudar. Profissionalmente, começou como ajudante geral e graças ao seu esforço e dedicação chegou à posição de líder de produção. Era reconhecido por fazer muito bem o seu trabalho. Um de seus pontos fortes era conseguir perceber e aproveitar o que cada pessoa tinha de melhor, e assim era ótimo em oferecer oportunidades para quem trabalhava com ele.

Um líder nato, essa habilidade era evidente tanto no trabalho, quanto em casa. Sua nora inclusive brincava que Joseval era melhor líder do que sogro, graças às suas habilidades de lidar com as pessoas e reconhecer os pontos fortes de cada uma. Seu desejo ia muito além de prover a família com tudo o que lhe havia faltado na infância; para ele o que mais importava era demonstrar aos filhos que o estudo e o esforço é que rendiam bons frutos.

Joseval gostava muito de viajar, sendo o litoral seu destino preferido. Foram várias as vezes, quando os filhos ainda eram crianças, em que ele chegava na sexta à noite após o trabalho e pedia que todos fizessem as malas. Essas viagens de surpresa para Ilha Comprida são uma deliciosa lembrança. "Ele não era de fazer muitos planos, fazia o que estava com vontade, na hora que ele queria", relembra saudosa a filha.

Amava passar o tempo em seu rancho, onde fazia churrascos, tomava a cervejinha que gostava e ouvia muito forró. A filha conta que sua característica mais engraçada era começar a dançar quando estava muito feliz: "Ele dançava mal demais, dançava como se ninguém estivesse olhando".

Joseval também gostava de escrever poemas. Possuía alguns cadernos para essa finalidade, que ao longo do tempo foram se perdendo; no entanto, aquele que restou foi escolhido pela filha Stephanie para ser guardado para sempre como lembrança do pai. Dentro desse caderno, descobriu um texto do pai sobre os sentimentos dele por ela e pelos irmãos, Mariana e Anderson, que é transcrito a seguir:

"Um dia brilhou em minha vida, como uma estrela que brilharia no céu,
Um sorriso em seu rosto me inspirou para a vida,
Um olhar meigo como o mundo.
Senti a vida me renovar.
Senti o Espírito de Deus me envolver, pois, todos os dias me lembro o sentido de uma vida que está nascendo.
Foi quando olhei o seu primeiro dia de vida.
Obrigado por este presente: VOCÊ".