1964 - 2020
Dançarino oficial nas reuniões de família e amigos, andava com uma caixa de som a tiracolo, bailava até sozinho.
Josué conseguia ser a personificação do estado com fama de mais feliz do Brasil. Bahia era seu apelido, justamente por causa de sua alegria e terra natal. Era caseiro, mas amava reunir os amigos em churrascos e não tinha vergonha de mostrar seu contentamento com a vida. Alguns também o chamavam de Xixa.
Dançava o tempo todo. Música era tão essencial para ele, que andava com uma caixa de som a tiracolo. Mas o silêncio era suficiente para que se mexesse e nem precisava de companhia para dançar.
Amado Batista, o maior ídolo, tocava muito nessa caixa de som, na canção "Princesa" ele vibrava mais ainda, era a preferida.
A esposa, Everania, era seu porto seguro, não fazia nada sem pedir a opinião dela. Em tudo estavam juntos.
Os dois foram casados por trinta e dois anos. Everania conta que começou a namorar Josué quando estava com 14 anos e que, aos 15, já estava casada. Bahia também era bom de prosa, conseguiu convencê-la a se casar jovem assim, cheio dos argumentos.
O casal tinha um netinho, João Pedro, seu Titico, como gostava de chamá-lo. Fazia tudo pelo menino enquanto os pais estavam trabalhando. Além de brincar bastante com ele, ainda levava e buscava na escola.
Tinha uma relação apaixonante com os quatro filhos: Angélica, Josiele, João Vitor e Lilian. Ao ver as meninas arrumadas, chorava de emoção. Ficava todo orgulhoso de suas crias.
Quando a mais velha viajou sozinha pela primeira vez, verteu lágrimas ao despedir-se dela na rodoviária. Xixa era uma mistura linda de alegria com emoção.
Por um aplicativo de mídia para criar e compartilhar vídeos curtos, fazia com a filha mais nova diversas produções que combinavam perfeitamente com sua personalidade engraçada. Com o rapaz, era muito grudado.
Tinha o sonho de ter um Corola e conseguiu. O outro desejo era ver os filhos bem. Lá de cima, verá esse sonho se realizar e vai comemorar dançando, com a alegria que foi sua marca aqui na terra.
Josué nasceu em Baixa Grande (BA) e faleceu em Limeira (SP), aos 55 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela esposa de Josué, Everania Santana de Queiroz. Este texto foi apurado e escrito por Talita Camargos, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 23 de fevereiro de 2021.