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Julieta dos Santos

1937 - 2020

Mãe de dez, avó de vinte e quatro, bisa de seis. "Família" era seu sobrenome.

Julieta, mãe, avó, irmã, tia, madrinha... Uma mulher de garra que, após a morte do pai de seus filhos, enfrentou as dificuldades mantendo a família unidade em uma casa de apenas um vão. O alimento principal era o amor e tudo superou ao longo dos anos.

As missas das terças-feiras, na igreja da Piedade, eram mais que uma obrigação, eram o seu passeio favorito. Depois da missa almoçava, passeava no shopping, lanchava e, no seu tempo, retornava para casa, sem pressa, apenas grata a Deus pela vida. Sempre chegava com comprinhas.

Era independente, gostava de companhia, mas não de ser vigiada.
Amava uma reunião em família! Chegou a perguntar se, mesmo estando em quarentena, não poderia reunir a família no Dia das Mães, e disse: "Rita, não pode vir todo mundo e ficar de máscara?", conta a filha mais velha.

"Ah! Se soubéssemos que, mesmo tomando todos os cuidados e mantendo o isolamento social, ela seria contaminada por esse vírus e que a perderíamos sem o direito a uma despedida digna...Foi uma pessoa de fé, que não pôde ter uma missa em seu velório", lamenta Daiane, sua neta.

Julieta, a "mãe Juju" ou a "Jujuzinha" para muitos, deixa exemplo de força, sabedoria e de como devemos fazer por nosso próximo em vida; porque infelizmente Deus não marca a hora e, aos que ficam, resta aprenderem a conviver com a saudade e as lembranças do que foi vivido.

Saudades... Saudades... Saudades!

Julieta nasceu em Salvador (BA) e faleceu em Salvador (BA), aos 82 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela neta de Julieta, Daiane Gomes. Este texto foi apurado e escrito por Daiane Gomes, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 2 de agosto de 2020.