1957 - 2020
Colocava toda sua luz e talento na produção de arte em feltro, sua grande paixão.
O nome complicado deu logo espaço ao apelido concedido pelos próprios pais e que se tornou seu nome: Sara. Por Sara todos a conheciam sendo que pessoas ainda se surpreendem por não ser esse seu nome oficial. Como que em uma brincadeira de destino, ela conheceu Milton, com quem casou-se e foi mãe das meninas Adriane e Luciana.
Merece um destaque especial a história de amor de Sara e Milton. Um capricho do destino permitiu o primeiro encontro, que se deu quando ela adentrava em uma escola para se matricular, enquanto o moço estava justamente fazendo o movimento contrário, trancando a matrícula. Milton gentilmente ofereceu-lhe uma carona. E assim começou a amizade que virou namoro e terminou em casamento um ano depois.
Os dois eram bem diferentes, mas com certeza o que tinham em comum era a confiança um no outro, afirma a filha Adriane. Não havia ciúmes entre eles, sempre foram um casal tranquilo no relacionamento. Tinham o prazer de viajar à praia, jantar fora e ir aos bailes. Ah os bailes! Eram uma paixão de Dona Sara, que adorava dançar. Milton não era muito afeito às danças, mas a acompanhava e aproveitavam juntos. Foram verdadeiros companheiros por toda a vida.
A família sempre foi sua grande paixão. Havia uma diferença de oito anos entre as duas, mesmo assim elas se aproximaram e construíram uma amizade repleta de companheirismo quando ficaram adolescentes, o que foi motivo de alegria e orgulho para Sara, ver as filhas sempre unidas e cheias de amor. “Minha mãe foi tudo para mim! Costumo dizer que a gente vem ao mundo para fazer diferença na vida das pessoas e resgatar coisas que temos que resgatar...com a minha mãe acredito que foi bem isso.” relata com emoção a filha Adriane.
Sara começou a trabalhar para dar uma força à filha, que tinha um quiosque. E não é que ela pegou gosto pelo serviço o transformando naquele que foi, segundo a filha Adriane, o seu primeiro emprego?! Sua simpatia, carisma e forma comunicativa cativaram os clientes. Mesmo após a filha vender o negócio para outra pessoa, os novos proprietários a mantiveram na equipe. Depois, ainda teve a oportunidade de trabalhar de caixa em restaurante árabe. Por onde passou fez muita amizade.
Em casa tinha o ritual diário de deitar-se no sofá da sala para assistir novelas e filmes. Era noveleira de carteirinha! Gostava também do programa “The Voice”. Com as filhas gostava de ir ao cinema e de tomar café em cafeterias.
Sara tinha uma paixão especial que praticava por hobby: o artesanato em feltro. Tinha o belíssimo dom da arte. Aproveitava as horas livres para produzir as peças, sendo uma verdadeira artista. Distraia-se tanto que às vezes podia ficar até de madrugada, se deixassem!
Ela sempre foi uma guerreira e uma mulher cheia de esperança, mesmo diagnosticada com Mielodisplasia estava esperançosa com sua cura e não se deixava abater ou reclamar de cansaço ou dor. “Minha mãe foi a pessoa mais iluminada que conheci.” conta a filha. Ela era um ser de luz na terra, a personificação da alegria, que com certeza era sua maior virtude. Sua fortaleza como mulher e como mãe ainda estão presentes na vida dos seus a ponto de a filha Adriane sentir essa presença ainda hoje.
Juraciara nasceu em Curitiba (PR) e faleceu em Curitiba (PR), aos 63 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela filha de Juraciara, Adriane Cristine Pereira. Este tributo foi apurado por Luisa Pereira Rocha, editado por Ana Clara Rodrigues Cavalcante, revisado por Bettina Florenzano e moderado por Rayane Urani em 26 de novembro de 2021.