1939 - 2020
Dono de uma risada cativante e belos olhos azuis, era o maior pé de valsa entre os idosos.
Dançar um forrozinho arretado era sua principal diversão após a aposentadoria. Não faltava a nenhuma quinta no lar de idosos Ivone Alves, onde dançava de forma faceira com seus amigos.
Seu Justino da Dona Maria, como era conhecido, também amava “passear”, nunca perdia uma excursão da terceira idade e nem a oportunidade de ir à praia ou para o sítio com seu genro e grande amigo, Gonzaga. Uma das viagens foi para Juazeiro do Norte, no Ceará, onde conseguiu juntar a família toda; e a outra para Currais Novos, Rio Grande do Norte, onde pôde reencontrar os irmãos. Ambas foram inesquecíveis para o Seu Justino e eram sempre lembradas com muito carinho.
Toda essa diversão era mais que merecida depois de ter uma vida árdua, de trabalho duro. Seu Justino nasceu em Santa Cruz, no Rio Grande do Norte, e logo criança se mudou para o interior da Paraíba, trabalhou de sol a sol na roça para sustentar sua mulher e filhos. Por eles, deixou a vida no sertão para trás e foi tentar a sorte em Natal. Lá, além da saudade da família, também enfrentou muitas dificuldades, inclusive a fome.
Sua neta Fabiana lembra de ouvir de seu avô que “quando ele chegou em Natal para trabalhar, passou mal de fome na frente da casa de Garibaldi Alves - então prefeito da cidade. Ele contou que havia deixado sua esposa com os filhos na Paraíba passando necessidade; então o prefeito deu um emprego para o meu avô na Urbana - Companhia de Serviços Urbanos de Natal”. Com muito suor, conseguiu trazer sua família para a capital do Rio Grande do Norte e construir uma casa de alvenaria, o sonho de sua vida, já que morava em uma casa de taipa na Paraíba.
Tanto em vida, quanto ao partir, Seu Justino da Dona Maria, deixou um belo legado para a família que tanto amava: “nossa família vive unida, lembrando de toda aquela alegria, toda força de vontade e persistência em vencer na vida que tanto tinha. Sei que aí de cima tem visto tudo o que houve desde sua partida. E nós também sabemos que é a estrela mais linda que brilha no firmamento, olhando por nós, nos protegendo e dando forças para seguir”.
Justino nasceu em Santa Cruz (RN) e faleceu em Natal (RN), aos 80 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela neta de Justino, Fabiana Rosceli Silva De Carvalho. Este texto foi apurado e escrito por Laís Oliveira, revisado por Ana Macarini e moderado por Ana Macarini em 24 de junho de 2021.