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Kazuyoshi Wada

1951 - 2020

Era o japonês mais brasileiro do Maranhão. Gostava de feijoada, de peixe frito e aprendeu a abraçar.

Kazuyoshi sempre tinha as palavras certas para se dizer e nunca levantava a voz, nem mesmo quando precisava repreender alguém.

Foi um técnico agrícola e zootécnico muito zeloso. Dedicado ao seu trabalho, que consistia em produzir "os melhores mamões de Santa Rita", como diz sua filha Akemi, que completa: "Arrisco dizer que eram os melhores mamões do Maranhão".

Se tinha a concisão no falar, mais comum aos orientais, pode-se dizer que este era também um japonês bem brasileiro: adorava feijoada, carnaval e peixe seco.

No Brasil, aprendeu, especialmente, a abraçar. "E como! Era o abraço mais acolhedor que tínhamos", conta ainda Akemi. Quando era imitado, respondia sempre com a mesma frase: "Sariência, menina!", a recomendar talvez paciência ou sapiência... numa língua que era só dele.

Kazuyoshi deixa esposa, filhas e netos com saudades de suas brincadeiras, das conversas, das comidas japonesas preparadas por ele, além dos churrascos na garagem e, sobretudo, de seus abraços.

"Com certeza Deus recebeu um reforço de peso no Céu!", diz Akemi. Que Ele o receba com um abraço bem brasileiro.

Kazuyoshi nasceu em Miyazaki (Japão) e faleceu no Maranhão , aos 69 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Kazuyoshi, Akemi Wada. Este tributo foi apurado por Marcelo Dettogni, editado por Raiane Cardoso, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 13 de junho de 2020.