1988 - 2021
Acordava cantando no chuveiro e dormia cantando para a esposa.
Filho manhoso da Sra. Adriana, carinhosamente chamada por ele de Gordinha; companheiro de todas as horas do pai, o Sr. Jeronilson, especialmente na torcida pelo Vasco; irmão mais velho de Karen e um incentivador; afilhado mimado da tia Fátima com seus bolos deliciosos; o marido que tocava violão e cantava para a esposa antes de dormir. Esse era Kevin: “Homem com alma de menino e jeito moleque”, define a esposa Priscila.
A felicidade e o bom humor eram marcas de Kevin: acordava de manhã cantando no chuveiro. Distribuía sorrisos, tratava com amor “do gerente ao peão”. Por onde passava, conquistava admiração, mesmo com seu jeito “meio turrão e teimoso”, diz a esposa.
Nas festas da família, dançava, brigava, implicava com os primos, colocava apelido em todos. Nos Natais, a família se reunia para comemorar dois aniversários. E, para Kevin, cantavam parabéns com bolo de sorvete, uma de suas sobremesas preferidas.
Desde criança, Kevin sempre foi muito travesso. Priscila relata que, “com 1 aninho, ele quebrou a perna e precisou usar o seu primeiro gessinho”.
Na adolescência, tornou-se vascaíno, por influência do pai. Tinha bons amigos na rua em que morava, com os quais dividiu lindos momentos.
Um dos programas preferidos de Kevin era ir à praia, curtir o sol e tomar uma cerveja gelada. Também amava o Carnaval! “Kevin era daqueles que se fantasiava e até pintava o cabelo”, conta a esposa.
Responsável e muito inteligente, foi aprovado para cursar o Ensino Médio no Instituto Federal do Espírito Santo – IFES, onde conheceu seus melhores amigos, os Darth’s. Ganhou o apelido de “little” por ser o menor do grupo. Priscila concorda, mas faz uma ressalva: “Kevin era pequeno no tamanho, mas grande de coração”.
Dedicado em tudo que fazia e interessado em tecnologia, Kevin foi aprovado em um concurso para operador da Petrobras, um sonho que ele tinha. Fruto desse trabalho, conseguiu realizar outros pequenos e grandes sonhos, como comprar um carro e a casa para morar com Priscila. O casal se conheceu por um aplicativo de relacionamento e, segundo ela, tudo aconteceu muito rápido. “Nós nos conhecemos, começamos a namorar, terminamos por um período e voltamos. Em quatro anos noivamos e fomos morar juntos na casa da minha mãe, até a nossa estar pronta. Casamos no civil, fizemos um chá-bar maravilhoso e marcamos a data do casamento. Então mudamos para nossa casa. Conquistamos muitas coisas juntos em quatro anos”.
Uma marca registrada do casal era dançar forró. No entanto, a ligação entre eles extrapolava a dança e ultrapassa os limites da existência física. Priscila afirma que essa conexão era algo que todos percebiam. “É algo espiritual. Parecia que tudo em nossa história estava planejado no livro da vida”. E continua: “Kevin era a luz na minha vida. Tudo que eu sonhei, eu realizei com ele. Ele embarcava nas minhas loucuras sem tempo ruim. E, mesmo quando estava longe, nos dias de escala de trabalho, me ensinava e fazia de tudo para deixar meus dias mais leves. Ele me ensinou a viver e a ser leve com a vida!”
No hospital, durante o tratamento para a Covid-19, Kevin falava aos médicos que queria se casar na igreja com Priscila. Estava tudo planejado. Foi um ano de planejamento e expectativas para a realização de mais esse sonho. Priscila ainda busca entender os mistérios diante de uma partida tão precoce.
Uma certeza, porém, ela tem: “Kevin foi paz, foi luz, foi amor enquanto esteve aqui e estará eternamente nos corações de quem o ama”. Priscila fez uma tatuagem em homenagem ao grande amor que existiu entre ela e Kevin e revela: “Carrego você no meu corpo e na minha alma. Nossa conexão extrapola a morte”.
Kevin nasceu em Vila Velha (ES) e faleceu em Vila Velha (ES), aos 32 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela esposa de Kevin, Priscila Fanchiotti Matos Peixoto. Este tributo foi apurado por Rayane Urani, editado por Denise Stefanoni, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 16 de maio de 2022.