1946 - 2020
Protetora da família, religiosa e amável. Além de querida por todos, era talentosa e uma fortaleza.
Ela era a meiguice em pessoa, tinha um olhar doce, um colo acolhedor, um cheirinho de vó. Uma mulher forte e, ao mesmo tempo meiga, de um coração enorme. Mulher de fé, prezou pelos bons costumes e criou sua família na base do amor. Uma mulher pela qual as pessoas eram apaixonadas. Foi mãe de muitos, mesmo não gerando tantos.
"A nossa nona, nossa matriarca, nosso tudo! Nunca esquecerei do seu rosto, do seu toque, das laranjas que só você sabia descascar. Você foi guerreira! Lutou muito a sua vida toda! Trabalhou na roça e era cheia de talentos, fazia miçangas, bordados, roupas sem ao menos ter finalizado o colegial, fazia nhoques e salgadinhos para complementar a renda da família. Nunca esquecerei de você. Que orgulho tenho de ser sua neta!" declara-se emocionada e orgulhosa, a neta Jacqueline.
A neta ainda conta que a avó era muito querida por toda a família, pelos vizinhos e amigos. Era também conhecida como a "tia da escola Marina" por muitos do bairro no qual morou por mais de quarenta anos. "Nossa! Que orgulho ter seu sangue! Não consigo expressar a importância que você tem em minha vida. Foi de você, junto ao meu avô, que recebi o sacramento mais importante: o batismo. Você era quem fazia as lições da escola comigo, era na sua casa que eu gostava de dormir, principalmente porque você me acordava com pão e leite batido, trazidos na bandeja. Era você que ficava assistindo ao "Criança Esperança" até tarde, só pra me acordar no momento em que ia passar Sandy e Júnior. Você que contava pra mim antes de dormir a história do macaco Simão. Foi você que 'armou' o primeiro encontro do meu namorado com meu pai", relembra Jacqueline num tom de conversa gostosa com a avó.
Jacqueline, por sorte, tem ainda muitas outras boas recordações, pois diversos momentos felizes e importantes de sua vida sempre tiveram a presença de Laide. Inclusive, foi a avó que ajudou a neta a escolher seu vestido de noiva e que ensinou muitas coisas para ela.
Laide nunca fez diferença entre os netos, ensinou-os a dividir por igual a única cereja do bolo de aniversário. "Você era a única pessoa que me chamava de 'Line' e, com sua cabecinha já confusa, toda vez que eu ligava pra você e perguntava se sabia quem tava falando, você respondia: 'é a Line'. Você é a bisa querida e você ficava toda orgulhosa quando meus meninos te chamavam de bisa ou colocavam a laranja no seu colo pra você descascar. Percebe, Vó, tudo foi você! E isso não é nem a metade do que vivemos. Nesse momento a dor do coração transborda pelos olhos. Despedimo-nos de você em um pôr do sol lindo sob um céu alaranjado e cor-de-rosa, com todas as pessoas que você amou incondicionalmente e que compartilharam das suas lutas diárias, ao seu redor, se despedindo, rezando, cantando as canções que você cantava pra gente e te aplaudindo.
Vá em paz, Vó e muito obrigada por tudo! Te amo e você sabe disso. Amor eterno de seu esposo Antônio, de seus filhos Milton e Elaine, de seus netos Jacque, Grasi, Gui, Lu, Joana, Diego e Valter e de seus bisnetos Lucas e Arthur".
Laide nasceu em Álvares Machado (SP) e faleceu em Osasco (SP), aos 74 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela neta de Laide, Jacqueline Aparecida Bomtempo Miranda. Este texto foi apurado e escrito por Lígia Franzin, revisado por Luana Bernardes Maciel e moderado por Rayane Urani em 23 de janeiro de 2021.