1929 - 2020
Uma avó lúcida e superconectada que amava rir e colocar apelidos.
Tia Lazinha, como era chamada, era benzedeira e tratava todos como se fossem seus filhos. Ela tirava sarro de todos, mas seu grande coração e sua vida, como ela costumava dizer, eram de todos eles.
Era exemplo de força e alegria. Aos 91 anos continuava lúcida e enxergando essência e alma de cada um dos netos e bisnetos.
Gostava da casa com muita fartura e sempre cheia de gente. Não precisava ser Natal ou qualquer outra data comemorativa, queria todos por perto e, qualquer um que aparecesse no portão dela era recebido como um membro da família. Sonhava ainda em ganhar na loteria para poder dividir o prêmio e ajudar pelo menos um pouco cada um dos filhos e netos.
Natália, uma das netas de Lazinha, conta que houve um episódio em 2018 no qual a avó mostrou todo seu talento para o drama: "Foi durante uma internação, por conta da diabetes, na hora em que a enfermeira foi aplicar a insulina, vovó deu um show! Disse que a enfermeira iria matá-la, que assim ela sairia do hospital num caixão... Ah, como eu amava seu lado dramático! Como cada dia mais eu sinto sua falta!"
"Até onde pôde, ela nos alegrou, nos amou e cuidou de nós. Onde ela estiver agora, tenho certeza de que sabe o quanto eu a amo. Em vida, sempre que podia, eu falava 'vó, eu te amo' e ela, todas as vezes me respondia que me amava também e que nós éramos a vida dela. Essa é uma outra coisa que estou sentindo falta de ouvir: a sua resposta, vovó."
Lazara nasceu em Guaxupé (MG) e faleceu em São Paulo (SP), aos 91 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela neta de Lazara, Natália Lourenço Pereira. Este texto foi apurado e escrito por Lígia Franzin, revisado por Sandra Maia e moderado por Rayane Urani em 17 de dezembro de 2020.