Sobre o Inumeráveis

Lenilson Sales da Cruz

1980 - 2020

Dedicava o mesmo afeto e atenção, fosse para varrer a casa de oração ou salvar vidas, pilotando a ambulância.

Nunca teve medo de trabalho, fazia o que fosse possível para garantir o sustento de sua família; profissionalmente atuou como vendedor, reciclador, motorista de caminhão, e mais recentemente como motorista de ambulância no município de Santo Antônio da Barra.

Os amigos o chamavam de "Gaúcho" por conta do churrasco: era uma de suas paixões. Mas o seu coração ficava mesmo cheio de amor quando brincava com suas filhas: a mais velha, Tainá e a caçula, Júlia, ou estava em companhia de sua amada esposa, Claudina. "Quando o vi pela primeira vez, tive a certeza de que iríamos ficar juntos.", relata a esposa. A família era a razão de tudo para esse homem, cuja maior virtude era ser amoroso. Seu afeto, estendia-se além do núcleo familiar de seu lar, era muito atencioso e carinhoso com seus pais e irmãs.

Tinha o hábito de sempre chegar mais cedo ao trabalho, morava a 30 km de distância do local ; além de ter apreço pela pontualidade, essa pequena mania tinha também outra motivação: ele fazia questão de fiscalizar atentamente os carros e a ambulância, para ter certeza de que estava tudo bem direitinho e muitas vezes também levava algo que algum colega houvesse pedido, era gentil e prestativo. Lenilson amava seu trabalho; não ficava restrito a apenas conduzir a ambulância, fazia questão de auxiliar os médicos e a equipe de enfermagem no atendimento aos pacientes.

Claudina conta que um colega de seu esposo escreveu: "O Lenilson é dessas pessoas que chegam em silêncio, e vão tomando espaço. E que quando ele não está, você sente falta no mesmo instante. Eu o conheci no União - uma casa de oração -, é interessante analisar como as pessoas se comportam em locais assim: uns vão somente a passeio, uma única vez; outros ficam por alguns meses, outros por alguns anos, e outros ficam por uma vida; nós recebemos a todos com a mesma consideração. O tempo que convivi com Lenilson na casa, me fez perceber que ele era um pouco diferente dos demais. É claro que ele recebia as bênçãos e auxílios da casa, mas a impressão que eu tinha é que ele doava muito mais do que recebia. E penso que ele não era assim só no União, acredito que onde ele fosse ou estivesse, no trabalho, na família... ele também agia da mesma forma generosa. Chegava humilde, sorridente, falando baixo, e sempre, sempre prestativo. Ralava a cebola da pizza; saía na rota de entregas; ajudava na sopa; ajudava a cozinhar e a entregar; substituía professor em sala de aula; ajudava a correr atrás das crianças para colocar dentro da sala; limpava; varria; lavava o que era preciso; as atividades eram simples, mas a atitude dele era gigante, porque tudo era feito de coração. Foi uma satisfação muito grande poder partilhar estes momentos com nosso irmão Lenilson, e sei que ele está sendo amparado por Jesus e toda sua equipe no plano espiritual.

Lenilson veio ao mundo para nos ensinar que: "Nem todo herói usa capa".

Lenilson nasceu em Goiânia (GO) e faleceu em Rio Verde (GO), aos 40 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela esposa de Lenilson, Claudina. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Lucas Cardoso e Ana Macarini, revisado por Ana Macarini e moderado por Ana Macarini em 14 de dezembro de 2021.