1943 - 2020
Para o palhaço Formigão, o espetáculo jamais vai acabar.
“Ai, que nerrrvo!”, era o bordão do palhaço Formigão. Quem o via distribuindo alegrias dificilmente imaginava sua longa e dura trajetória.
Nascido Leonildo, aos dezoito anos ingressou na carreira circense. Foi seu segundo nascimento. Era o ano de 1961. Naquele tempo, o circo ainda era um dos espaços mais populares de lazer e diversão.
Leonildo vestiu-se de palhaço para sempre. Viveria de fazer os outros rirem. E com seu trabalho sustentaria sozinho o único filho, Ranieri, de quem cuidou desde bebê. No meio dos anos 1980 ingressaria no Circo do Veneno, em Piracicaba, no qual trabalhou durante dezoito anos, fazendo turnês pelo estado de São Paulo, até a companhia encerrar suas atividades.
Foi no Veneno que ele conheceu a mãe de Ranieri, que, além de filho, foi também sua dupla de trabalho. Aos quatro anos, Ranieri nasceu como o palhaço Pinduquinha, e a cumplicidade dos dois tornou-se riso debaixo da lona.
Depois das cortinas fechadas, o mundo inteiro virou seu picadeiro: Formigão fazia propaganda para diversas lojas, nas ruas e calçadas de Piracicaba e de tantas outras cidades. “Era muito de inventar frases. Brincava com a primeira letra do nome da pessoa: ‘Ana é com A, é uma alegria ter te conhecido!’. Era muito do improviso”, descreve Ranieri.
Leonildo era também mágico, apresentando-se como o Professor Indiano, com truques e ilusionismos. E até enquanto Formigão ele fazia seus truques de bolso: além das balas para surpreender as crianças, o palhaço carregava cartas de baralho e cordas.
“Sempre foi alegre e brincalhão”, conta Ranieri. Aos 79 anos morava sozinho, era independente e totalmente saudável. “Uma pessoa iluminada, não tinha como ficar triste perto dele”.
Leonildo nasceu em Piracicaba (SP) e faleceu em Piracicaba (SP), aos 77 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela amiga e pelo filho de Leonildo, Mariana Sonsino da Costa e Ranieri Donizete Ros. Este tributo foi apurado por Thaíssa Parente, editado por Joaci Pereira Furtado e Ana Squilanti, revisado por Joaci Pereira Furtado e moderado por Rayane Urani em 4 de setembro de 2020.