1952 - 2020
Ajudava as pessoas com seus dons na cozinha: foi com a sua receita de coxinha que uma conhecida começou seu próprio negócio.
Leonor perdeu o pai quando ainda era criança e foi criada junto com mais cinco irmãos e irmãs somente pela mãe. A falta do pai fez com que ela começasse a trabalhar cedo e, muito responsável, entregava o seu minguado salário todos os meses nas mãos de sua mãe.
Casou-se com José Guimarães porque o amava muito e com ele permaneceu até o último dia de sua vida. O casal foi abençoado com quatro filhas: Quitéria, Cátia, Karen e Karina; tiveram também um menino que infelizmente não sobreviveu. Foi para elas uma grande mãe, e para os netos uma avó maravilhosa; amava receber a família, especialmente ver cheia a cozinha - espaço da casa que tanto amava. Sua maior alegria era ter as pessoas queridas por perto. No final do ano, ela preparava tudo com esmero tudo para poder acolher todo mundo em sua casa.
Depois que as três filhas mais velhas se casaram, a caçula Karina permaneceu em casa junto com os pais e Leonor era a companheira que a ajudava em tudo. Todos os dias fazia sua marmita, bem como a levava até a esquina de casa para ver se ela seguia em segurança.
Com sua bondade e capacidade de perdoar, ela se tornou uma pessoa especial, não só para as filhas, mas também para todas as pessoas. Cheia de vida, batalhadora e alegre, era um ser humano exemplar, e que zelava pela felicidade e pelo bem de todos. Admirada por sua docilidade, ajudava a quem pudesse. Era muito amiga e guerreira e, independentemente dos desafios que estivesse enfrentando , estava sempre ali presente, com uma força inimaginável. Tudo o que ela queria era ter sempre ao seu lado as filhas e os netos; se por algum motivo brigava, desculpava o outro na hora.
Apesar de ter pouco estudo, sabia ler, escrever e fazer contas muito bem — habilidade que usava na venda de iogurte para manter a casa e tentar oferecer aos seus o que estivesse ao seu alcance. “Minha mãe sempre trabalhou e lutou para que nós tivéssemos coisas maravilhosas. Hoje eu posso dizer o quanto minha mãe se sacrificou por nós dando do bom e do melhor para nossas vidas”, conta a filha mais nova.
Leonor amava cozinhar e o carinho e amor que colocava em tudo o que fazia tornava suas receitas especiais e muito gostosas, conforme recorda a filha Karina: “Tudo o que ela fazia era maravilhoso, super gostoso; sem falar nas coxinhas, que ensinou uma moça a fazer e essa moça começou a vender e ganhou muito dinheiro. Sua paixão era preparar delícias para as reuniões da família e, no meu trabalho, tudo o que eu levava era apreciado por todos! Como eu amava a comida da minha mãe, especialmente aquele nhoque! Não via a hora de chegar o dia do meu aniversário para celebrar mais um ano e, claro, por ter a minha mãe ao meu lado sempre fazendo aqueles deliciosos pratos”.
Tinha o hábito de "fazer uma fezinha" em jogos de sorteio; às vezes, até ganhava uma graninha extra!
Foi preocupada e dedicada às filhas até o último momento, quando dirigiu suas últimas palavras em forma de ensinamento, dizendo que a vida era preciosa. Karina conta que ela deu um exemplo disso: “Ela viveu os seus dias aqui na Terra com muito amor e buscando sempre o melhor para nós, filhas."
"Te amarei eternamente, a senhora foi a melhor mãe do mundo!”
Leonor nasceu em Cedral (SP) e faleceu em Barueri (SP), aos 68 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela filha de Leonor, Karina Alonso Guimarães. Este tributo foi apurado por Irion Martins, editado por Vera Dias, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Ana Macarini em 13 de fevereiro de 2022.