1962 - 2020
Amava curtir praia no verão e era pura alegria: suas gargalhadas e cantorias alegravam as festas em família.
Além de muito prestativa e atenciosa, Livinha foi mãe zelosa, filha dedicada e esposa amorosa para os seus. Foi também uma amiga e tanto para Gláucia, que é quem nos conta um pouco da história e dos gostos da amiga e comadre:
Nossa amizade começou há mais de quarenta anos e ainda conversávamos toda semana. Ela e o marido tinham um pequeno comércio na cidade onde moravam. Ela gostava de passear e de passar o tempo livre bordando, geralmente transformando simples toalhas em lindas obras com motivos infantis e nomes em ponto-cruz.
Sempre gostou de praia e amava passar uns dias aproveitando o verão em frente ao mar. Quando jovem, costumava acampar com um grupo de amigos em Muriqui, no litoral fluminense. Lembro-me de uma vez, eu estava grávida, com um barrigão enorme, e fizemos uma dessas aventuras inesquecíveis.
Lívia ainda estava tentando retomar a vida durante a pandemia, ela havia perdido a mãe recentemente e estava sensibilizada. Sonhava ver os filhos encaminhados ─ faltou bem pouco: o primogênito já está formado em Jornalismo e o caçula, prestes a completar 16 anos quando ela partiu, já está em um bom caminho.
Reunir os irmãos em datas comemorativas e nos feriados era para ela uma grande alegria. Era quando Lívia soltava suas gargalhadas e cantorias.
Em nosso último contato, quando ela estava sendo encaminhada ao CTI, ainda pude lhe enviar uma música pelo aplicativo de mensagens, a canção “Um refrão pra sua alma”, de Leandro Borges, que, como o próprio nome diz, fala de alma e também acalma:
“Se eu pudesse conversar com sua alma
Eu diria, fique calma, isso logo vai passar
Eu daria um conselho, chore mesmo
E enquanto chora, aproveita pra orar
Porque quem chora pra Deus é consolado
É bem-aventurado e Deus não desamparará
Ele mesmo enxugará as tuas lágrimas
Então desabafa e deixa Ele te abraçar, oh glória
Calma, calma, não se preocupe, tenha calma
Calma, calma, eu dedico esse refrão pra sua alma...”
Lívia pôde ouvir toda a canção e agradecer, o que certamente acalentou e acalmou um pouco sua alma antes da partida rumo aos braços do Pai.
Lívia nasceu em Magé (RJ) e faleceu em Petrópolis (RJ), aos 58 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela amiga e comadre de Lívia, Gláucia Neves Silvino de Oliveira. Este texto foi apurado e escrito por Lígia Franzin, revisado por Paola Mariz e moderado por Rayane Urani em 28 de janeiro de 2021.