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Lucas dos Santos Martins

1941 - 2020

Compartilhava as melhores estratégias e objetos a serem usados caso o Curupira aparecesse.

Lucas foi um homem forte, de garra, que sempre trabalhou para sustentar os filhos e a esposa, com a qual foi casado por cinquenta e sete anos.

Muito religioso, trabalhou e morou em igrejas com os sete filhos na grande cidade de Belém, onde viu os filhos conquistarem seus primeiros empregos e também, onde vendeu frutas para ajudar a sustentar o sonho da filha mais velha: estudar. Ajudando com humildes R$ 30,00 por mês, viu a filha se formar.

Sempre gostou de plantar. Passou os últimos dias num sítio, zelando pelas plantas. Tinha um imensurável gosto em caçar e em se conectar com a natureza. Contava as mais incríveis histórias de lendas do Pará, como a do Curupira ─ com quem dizia ter se deparado e de quem sabia como escapar ─, gostava de conversar e de brincar com as lendas. Era conhecedor das melhores estratégias e objetos em caso de perturbação do Curupira, como dente de jacaré, peles, limão...

Amava conversar sem ver a hora passar e mantendo os ouvintes sempre maravilhados.

"Lucas fez amizade por onde passou, todos os médicos que o acompanharam já sabiam do incrível homem que ali estava, era conhecido em todos os lugares que costumava ir, sempre muito amado. Deixou saudade!", conclui o neto José Victor.

Lucas nasceu em Cametá (PA) e faleceu em Belém (PA), aos 79 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pelo neto de Lucas, José Victor Martins Meireles. Este tributo foi apurado por Rayane Urani, editado por José Victor Martins Meireles, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 2 de maio de 2021.