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Luis André da Silva Favacho

1977 - 2020

Professor de estudos gerais e religião, seu sonho era ver sua netinha, Analice, formada.

Luis era assim, um pai brincalhão, muito alegre e gente boa. Tinha duas filhas, Nivia Luise e Elaine Lorena, mais conhecida como Adellya. Também tinha uma netinha que era sua paixão, Analice. O nome dela era como doce em sua boca, falava nela o tempo todo.

Já foi chefe de cozinha em São Paulo e, ao voltar para o Pará, foi professor de estudos gerais, para o ensino fundamental e de religião, para o ensino médio. Era um homem que gostava de passar seus ensinamentos adiante. Precisou afastar-se da sala de aula para lutar contra uma leucemia descoberta.

Ia praticamente todos os dias para o hospital, mas não deixava transparecer sua preocupação, estava sempre alegre, não demonstrava suas dores, tentava sempre mostrar aos familiares que era mais forte que as dores do câncer. E era. Gostava muito de conversar com suas filhas e brincar com Analice, seu sonho era vê-la formada.

Luis havia conseguido dois doadores de medula, mas estava esperando a pandemia passar para realizar a cirurgia. Em suas últimas palavras, chamava por sua filha Adellya.

Como um ótimo professor, deixou seus ensinamentos de generosidade e serenidade para todos que fizeram parte da sua história.

Luis nasceu em Curuçá (PA) e faleceu em Belém (PA), aos 42 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de Luis, Nivia Luise Pinheiro Favacho. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Jullie Sammur, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 4 de julho de 2020.