1951 - 2020
Era muito fácil gostar dele, porque em cada problema ou desafio, Luiz sempre enxergava uma solução.
A palavra preguiça não fazia parte do seu vocabulário. Trabalhador e sempre disposto a ajudar, conquistava respeito e admiração por onde passava, pois qualquer favor que lhe pediam ele fazia com prazer, "desde que não fosse no horário de sua novela", conta a nora Daniela.
O tio Cacau, como era chamado pelos sobrinhos, trabalhava como caminhoneiro desde os 20 anos. Quando não estava na boleia do caminhão, consertava tudo o que precisasse de reparo em casa, e fora dela também: desde o conserto do carro, até as prateleiras e a pintura das paredes do salão da Daniela.
Também aproveitava suas horas livres jogando baralho com os amigos, tomando uma cerveja gelada e assistindo às novelas de que tanto gostava. Exerceu seu ofício como caminhoneiro durante trinta anos — trabalho duro, que exigia muito, e só se aposentou depois que sofreu um infarto.
Luiz era um homem religioso, que ia à missa e gostava de ajudar nas festas da comunidade. Foi em uma de suas idas à missa, na igreja de Santa Luzia, no bairro onde moravam, que o Luiz conheceu a Ana. Naquele momento ele ainda não sabia, mas com ela formaria sua família, com três lindos filhos que os encheriam de orgulho: Luiz Jeferson, Liebert e Alan Patrick. Parceria é uma das palavras que definia a união do Luiz e de sua amada Ana, que, mesmo quando brava ou descontente, estava sempre pronta para ajudar o seu Luiz — assim como ele a ela.
A família era sua maior paixão, e Luiz divertia-se com eles na praia, na piscina, saboreando um bom churrasco ou um tira-gosto, embalado por música de seresta.
No seu carro, uma Variant verde, faltava o banco da frente e tinha um buraco no fundo, mas era nela que Luiz ouvia as modas sertanejas que apreciava; era na Variant que levava sua família à lagoa, para tomar banho. E como a estrada era de chão batido, na volta, a casa onde moravam sempre os recebia cobertos de poeira. Estes momentos em família eram maravilhosos e por mais que os filhos soubessem que o carro era bem velho, pediam para Luiz apostar corrida e divertiam-se a valer vendo os outros carros ficarem para trás comendo poeira.
Para Daniela, Luiz era mais que um sogro ou alguém com quem podia contar: era como um pai. Ela lembra com carinho do dia em que o sogro decidiu fazer um implante dentário na arcada superior, e todas as vezes que voltava do dentista estava com um dente diferente. Então chamava a nora: “Dani! Veja se meus dentes ficaram bons". Pergunta que vinha sempre acompanhada de um sorriso largo, ao que a nora respondia: “Sogro, o senhor está como o burro do Shrek!” E ambos caíam na risada.
Luiz deixa esposa, filhos, sobrinhos, amigos e muita saudade do homem simples que dizia: "Pra mim já tá bão". E que agora deve estar num lugar pra lá de "bão" — é nisso que sua família acredita.
Luiz nasceu em Cachoeiro de Itapemirim (ES) e faleceu em Cachoeiro de Itapemirim (ES), aos 69 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela nora de Luiz, Daniela Gozi. Este tributo foi apurado por Luisa Pereira Rocha, editado por Rosa Osana, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 28 de janeiro de 2022.