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Luiz Cláudio Gomes Costa

1959 - 2021

Tinha gosto em celebrar seu aniversário, com muita música, dança, abraços e a velinha no bolo para assoprar.

Ele era marido de Maria da Graça, pai de Claudia e Vanessa, e conhecido por chamar as pessoas pelos nomes no diminutivo: as filhas eram a Claudinha e a Vazinha. Alexandre era Xandinho, Rogério, Rogerinho e por aí vai. Luiz seguia inventando nomes carinhosos para quem quer que fosse, porque era daquelas pessoas alegres e acolhedoras. "Acabava de conhecer alguém e era como se a pessoa fosse um amigo de infância", conta sua filha mais nova.

"Ele amava as pessoas e fazia questão de demonstrar para elas", conta Vanessa. "Chegava nos lugares já abraçando, beijando e falando que amava. Assim mesmo. Falava que amava com todas as letras e o resultado era que a lista da sua festa de aniversário aumentava a cada ano!"

Uma outra característica especial do Luiz era ter verdadeira paixão pela vida. Todo 29 de agosto era um grande evento, com direito à casa cheia de familiares e amigos para celebrar seu aniversário. Quanto mais gente, maior era sua alegria. Luiz não se importava nem com o cardápio, nem com presentes especiais, o que queria mesmo era gente ao seu redor: dezenas de pessoas reunidas com música, dança, abraços e uma velinha em cima de um bolo para soprar e manter a tradição.

Nascido no interior gaúcho, Luiz chegou à cidade de Esteio, próxima à capital, quando ainda era criança. Começou a trabalhar aos 16 anos e não parou nem depois de se aposentar. Cultivava a relação com a família da mesma forma como se relacionava com os amigos. Nem o trabalho, nem os quase 300 quilômetros de distância entre Esteio e a sua cidade natal eram motivo para deixar de visitá-los. Luiz sempre retornava — nem que fosse de carona — para visitar o primo Ney, que era como um irmão pra ele.

Luiz não aprendeu a dirigir e gostava de andar à pé. Andava de casa até a pracinha com seu cachorro, Bóris — um poodle grande, que chegou de trem nos braços dele vindo de Porto Alegre. Andava até a lotérica, da lotérica até o mercado e do mercado pra casa — para onde sempre voltava, para torcer pelo time do coração, rodeado de amigos, churrasco e cerveja. Queria viver até os 100 anos, mas dizia que se morresse no dia seguinte, morreria feliz.

Luiz nasceu em Passo Fundo (RS) e faleceu em Esteio (RS), aos 61 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Luiz, Vanessa Brum Costa. Este tributo foi apurado por Juliana Padilha Jota Azevedo, editado por Juliana Padilha Jota Azevedo, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 3 de novembro de 2021.