1947 - 2021
Inteligente, criativo e trabalhador, conquistou amigos com seu bom humor e deixou boas lembranças onde passou.
Luiz Kleber era um típico descendente de italianos: alegre, divertido e comunicativo, gostava muito de cantar e conversar. Quando criança recebeu muito chamego, era muito obediente ao seu pai, Agostinho, e muito arteiro: gostava de aprontar com seus irmãos Maria e Ésio.
Começou a trabalhar bem cedo atrás do balcão de uma loja de material de construção. Depois foi vendedor de uma companhia de cigarros e, quando se aposentou, abriu a Lanchonete Alaska, sempre atendendo os clientes com muito carinho, atenção e bom humor. Assim, trabalhando muitos anos no comércio, tornou-se bastante conhecido na cidade fluminense de Campos dos Goytacazes.
Conheceu Ana quando ela ainda tinha 18 anos e o namoro foi muito difícil, porque a mãe dela era rígida e exigente. Porém, o amor sempre falou mais alto e após quatro anos de namoro eles se casaram. Depois vieram os filhos, Júnior, Laisa e Kellen, compondo uma família unida. O pai era o provedor financeiro, saía todos os dias para trabalhar e trazer o sustento, e a mãe a cuidadora do lar, ficava responsável pelos afezeres da casa e a educação dos filhos; todos se tratavam com respeito e amor.
Como marido, Luiz era romântico bem à moda antiga. Adorava surpreender a sua amada Ana enviando-lhe flores, presenteando-a com joias, declarando-se na frente de todos. Era carinhoso e ao mesmo tempo ciumento ao extremo. Ana e Luiz eram admirados como um exemplo de casal!
Kellen conta como ele era em seu papel de pai: “Era muito presente, sempre orientando, conciliando e caminhando junto a nós em cada etapa da vida. Éramos íntimos, não tínhamos muito pudor uns com os outros e ele dava liberdade para isso sem perder o respeito. E assim foi também com os cinco netos: um amigo, zeloso e divertido, que fazia de tudo por eles. Infelizmente, não chegou a conhecer o bisneto, que nasceu após sua partida e com quem seria babão, disso tenho certeza!”
“Meu pai não era só nosso pai, ele fez esse papel na vida de muitas outras pessoas. Alguns sobrinhos, funcionários, fregueses e vizinhos o tinham como um pai, como irmão, como amigo. Sempre generoso, ajudava do jeito que podia e foram muitos os que recorreram a ele, pois sabiam que além da contribuição ele tinha também uma palavra amiga”, continua a filha, acrescentando que o maior prazer dele era reunir a família, comer uma pizza na sexta à noite, fazer um churrasquinho no final de semana — com banho de piscina — e, no verão, ver todos juntos na casa da praia.
Católico, era muito devoto de São Judas Tadeu, a quem chamava de “meu padrinho”. Ajudou a organizar muitas festas de São João, que eram um sucesso na época, bem como colaborou também na construção da capela que hoje é a sede da Paróquia São João Batista no bairro do Capão.
Luiz amava caminhar sorridente pelas ruas, acenando para todos os conhecidos, sempre puxando algum assunto que, invariavelmente, terminava com uma piadinha, para não perder o costume. Sua forma de brincar com as pessoas dava liberdade para que elas também brincassem com ele: quem passava e sabia do seu apelido, chamava-o de “Vaca Lambeu”, o que virava uma farra e uma crise de riso em quem assistia a cena.
“Ele gostava de inventar história para os idosos para que sentissem pena dele. Para as crianças, trazia sempre uma balinha para agradá-las; para os mais desvalidos, tinha sempre uma moedinha no bolso para ajudar. Esse era meu pai e tenho orgulho de ser sua filha. Era um ser humano fantástico, alegre, generoso, amado pela família por ser sempre o nosso amparo e fortaleza”, conta Kellen com carinho e admiração.
Na sua partida a família recebeu muito carinho e as pessoas sabiam a falta que ele iria fazer. Foi uma avalanche de mensagens para confortá-la e alguns contavam histórias que tinham vivido com ele. Kellen fez questão de selecionar uma delas para mostrar como ele realmente era:
“Após alguns meses do seu falecimento, entrei numa loja de decoração e todos os funcionários vieram me cumprimentar, lamentando o ocorrido. Uma vendedora em especial, muito emocionada, me contou que ele chegou na loja num dia extremamente quente de verão bebendo um refrigerante, e que ela, brincando, comentou como devia estar refrescante. Após sair da loja ele voltou com outra latinha na mão, oferecendo a ela o refrigerante. Por esse pequeno gesto ela nunca mais esqueceu do quão atencioso ele era e que deixaria saudades!”
A filha conta ainda que dois anos antes de falecer Luiz adotou um poodle chamado Bob, que hoje é o mascote da família, tornando impossível olhar para ele e não se lembrar do patriarca.
Kellen despede-se do pai dizendo: “Ah meu pai, quanta falta o senhor faz. Saudade de te ouvir cantarolar batendo as mãos, fazendo sua batucada, às vezes na mesa, às vezes na lataria do carro. Saudade de ouvir sua voz grossa e vibrante. Sinto falta do seu abraço, onde me sentia protegida. Dos seus conselhos me orientando e do seu amor incondicional. Contigo aprendi muito, é uma honra ser sua filha, e sorte de quem conviveu com o senhor. Você foi um exemplo de ser humano, honesto, justo e correto. Deixou muita tristeza por aqui com sua partida, e deixou também um legado de amor, respeito e generosidade. O senhor nunca será esquecido. Te amo eternamente”!
Luiz nasceu em Campos dos Goytacazes (RJ) e faleceu em Campos dos Goytacazes (RJ), aos 73 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela filha de Luiz, Kellen de Sousa Paravidino Mocaiber Nunes. Este tributo foi apurado por Andressa Vieira, editado por Vera Dias, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e Ana Macarini e moderado por Ana Macarini em 13 de maio de 2023.