1943 - 2022
Pai amoroso, cuidador, presente. Comandava sua 'tropa familiar' participando de todas as decisões e conquistas.
Ele nasceu em São Paulo, numa família simples e mudou-se ainda criança para Lorena, no mesmo estado, onde estudou em escola católica de regime semi-internato, talvez surgindo daí o interesse por ingressar no Exército Brasileiro por meio da aprovação em concurso.
A partir daí morou em várias cidades, servindo o Exército. Formado em Economia, como militar de carreira, assumiu responsabilidades em Batalhões de Engenharia auxiliando na construção de pontes, estradas, abrindo caminhos e mobilidade nos Estados de Goiás, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e São Paulo.
Foi promovido a Oficial do Exército em 1988. Tinha orgulho de sua carreira, de suas conquistas pessoais e familiares e era tão reconhecido por seu trabalho e seriedade que, mesmo na Reserva Militar já como major, foi chamado a ativa assumindo a posição de Delegado do Serviço Militar.
Foi casado com Diomar, a mulher de sua vida, que conheceu ainda em Lorena, nas famosas paqueras na Praça Central. Foram casados por 53 anos e como marido era presente, sempre expressando seu amor, não deixando passar em branco as datas de namoro, aniversário e casamento, que eram sempre celebradas com algum mimo.
Deste relacionamento tiveram os filhos Sandro, Adriana e Cinthia e, no papel de pai, agia como um “capitão” que comandava sua tropa com zelo e cuidado, participando de todas as fases dos filhos. Presente nas conquistas e dificuldades, reservava as quintas-feiras para seu Jejum em Oração pelos filhos e esposa.
Durante a pandemia, participava das atividades familiares por vídeo chamada, as quais eram sempre registradas por foto.... para eternizar estes momentos. Ao final de cada ligação telefônica, sempre dizia: “Deus te abençoe!”
Era amoroso, amigo, protetor e os filhos, mesmo quando já adultos e casados, sempre o consultavam sobre as decisões a serem tomadas, como por exemplo, na troca de um carro ou mesmo nas adversidades no trabalho, porque sua experiência e sabedoria os auxiliava.
A família cresceu com a chegada das netas Lorena, Maria Clara, as gêmeas Jade e Liz, e Lucas, o “neto homem”, como ele dizia com orgulho. Era um avô carinhoso no falar, que dava colo, orava juntos nas refeições e ainda que morando distante, estava sempre participando da vida dos netos acompanhando os estudos e vibrando a cada conquista como uma competição de natação ou apresentação de dança.
“Adorava levar a turma para a praia e isso era um verdadeiro ritual Sua grande paixão era o mar da Praia Grande, em Ubatuba, onde todos os anos costumava passar férias com a família, filhos e netos, nos deixando um lugar repleto de memórias”, comenta Adriana, cheia de saudades.
Dentre as muitas lembranças que ela possui do pai, destaca os passeios escolares no Batalhão de Engenharia de Itajubá, os desfiles de 07 de setembro junto dele, uma viagem em família a Visconde do Mauá, no Rio de Janeiro... tudo isso criando memórias afetivas nos filhos.
Fora isso, a disciplina mantida desde o tempo do Exército, procurando manter-se saudável com caminhadas e a prática disciplinada do Pilates; a paixão pelo seu eterno timão, o Corinthians e a maneira como assistia aos seus jogos, quando vibrava, “chutava para gol”, se jogava ao chão e pulava como um sapo dizendo: “Joga para mim que eu faço!” e o pastel de camarão à beira da praia sempre acompanhado de uma cerveja gelada, completam o conjunto de lembranças que jamais serão esquecidas.
Carregava consigo o sonho de formar os filhos e comprar um apartamento em Ubatuba, sempre reforçando com os filhos que em toda a vida deveriam ser conhecidos pelo caráter e pela honra.
Adriana conclui sua homenagem dizendo sobre Roberto, como ele preferia ser chamado:
“Homem integro, forte, amigo e corajoso, pronto para a guerra, ao mesmo tempo demonstrava-se emotivo a tudo que referia a família. Ao orar sempre se emocionava, a fala embargava. É lembrado por seu caráter, dignidade, habilidade de comunicação e amor incondicional por toda família”.
“Era meu porto seguro, meu conselheiro, amigo, confidente, meu protetor, a conversa boa ao telefone. O homem temente a Deus que se dedicava ao jejum para oração pela família. Ainda não acredito que ele se foi... assim, por um vírus. Seu último pedido foi ser cremado e com suas cinzas, devíamos realizar o plantio de uma arvore, um Ipê. Hoje temos nossa árvore, e assim, ele ainda continua nos oferecendo vida em cada folha.... em cada flor”.
Luiz nasceu em São Paulo (SP) e faleceu em Pindamonhangaba (SP), aos 78 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela filha de Luiz, Adriana Alkmin Pereira Domingues. Este tributo foi apurado por Andressa Vieira, editado por Vera Dias, revisado por Bettina Florenzano e moderado por Larissa Reis em 28 de dezembro de 2023.