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Luzia Wanderley Cavalcante Pimentel

1940 - 2020

Fez dos retalhos da vida, uma grande colcha de amor.

Dona Bibi não saía de casa sem batom com alguma cor bem chamativa. Escolhia as pulseiras e brincos enormes para se embelezar.

Viveu sua infância e adolescência no sítio, em Pernambuco. Veio para São Paulo depois que casou com Ceni, seu grande amor. Construiu sua vida em Mauá. Costureira de mão-cheia, costurou até quando seus joelhos começaram a reclamar. Foi assim que criou cinco filhos.

O que mais gostava de fazer era ir para a chácara da família, balançar na rede e sentir a brisa. Enquanto esperava o churrasco ficar pronto, bebia caipirinha de vinho, que, segundo ela, alimentava a alma.

Pouca gente sabe que seu nome era Luzia e que o nome do seu marido era Manoel. A neta Graziela vai sentir muito a falta da avó, que sempre a chamou de Gabi. Fatos curiosos da família de Bibi, que a presenteou com oito netos e quatro bisnetos, que ela amava muito cuidar.

Todos vão sentir saudade da sua marca de batom depois do cumprimentá-los, do café quentinho e do bolo grolado fresco, com os quais esperava a família, aos domingos.

Luzia nasceu em Bom Conselho (PE) e faleceu em Mauá (SP), aos 79 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela neta de Luzia, Graziela Giolo Pimentel dos Santos. Este texto foi apurado e escrito por Beatriz Moraes, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 11 de julho de 2020.