1923 - 2020
Um boliviano de muitas paixões, que amava viver e a vida o amava de volta.
Manuel Heredia era como uma melodia de seu amado tango: envolvente, enérgico e apaixonante. Praticante da modalidade desde sempre, o boliviano de nascença pertencia às pistas, pois também era um apaixonado por dança de salão.
Ainda jovem, o comerciante escolheu o Brasil para amar e fincar suas raízes. De lá para cá, trabalhou com roupas no bairro do Bom Retiro, foi taxista, lutador de boxe, professor de tango e nunca teve preguiça ou medo de trabalhar.
Também escolheu o país para construir sua família. E que família! Viúvo, pai de três filhos, avô de 15 e bisavó de 13, Manuel era cercado de amor por todos os lados — inclusive o de sua namorada e parceira de dança, Vitória.
Sua altivez se manifestava não só em ambientes de trabalho, mas em toda sua vida. Aos 95 anos, Manuel ainda ajudava um de seus filhos em sua loja de esporte e detestava ficar parado! Alegre e divertido são dois adjetivos constantemente usados para descrevê-lo.
Dançar, viajar, beber vinho, estar com a namorada — verdade seja dita, era difícil acompanhar o fôlego do "baixinho". Isso porque ele viveu a vida com a paixão, a ternura e a energia de um garoto — e assim o foi, até sua última dança.
Manuel nasceu em La Paz (Bolívia) e faleceu em São Paulo (SP), aos 96 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pelo neto de Manuel, Alex Guzman. Este tributo foi apurado por Michelly Lelis, editado por Gabriela Monteiro, revisado por Lígia Franzin e moderado por Gabriela Monteiro em 9 de setembro de 2020.