1960 - 2020
Buchim, como era conhecido, sempre dizia que seu sangue era enferrujado, devido ao amor pelos carros velhos.
Marcos Elias era dono de um ferro-velho e muito querido em sua cidade. "Era uma pessoa boa, tinha um coração enorme. Estava sempre disposto a ajudar o próximo e nunca se preocupou com status ou bens materiais", conta orgulhosa a filha Mayara.
Além de adorar seu ferro-velho, amava os amigos e a família. “Deus não poderia ter me presenteado com um pai melhor. Fazia um bem danado para mim. Sempre fomos muito apegados, nossa ligação era de almas”, relata Mayara, dizendo que, embora casada há anos, nunca teve coragem de sair de casa: “As pessoas me falavam para cortar o cordão umbilical. Mas, sinceramente, não conseguiria. Minha meta sempre foi morar com meus pais para cuidar deles até que estivessem bem velhinhos.”
Como marido, diz Mayara, Marcos Elias também era um exemplo de homem: “Nunca vi meu pai alterar a voz com minha mãe, tinha calma e sabedoria pra resolver tudo. Eles eram casados há trinta e um anos e a cumplicidade dos dois era admirável.”
Ele também era, segundo a filha, um avô sem defeitos: “Tinha uma paciência, um amor, um cuidado... os dois netos eram tudo para o vovô.”
Mayara diz que Marcos Elias deixou um legado de amigos, todos muito sentidos porque não puderam despedir-se dele. “O nosso luto será eterno, nunca mais serei a mesma, minha família jamais será a mesma, porque perdemos nossa base familiar e emocional. Perdemos um ser humano de muita luz”, lamenta-se, com saudade do brilho irradiado por um pai tão amoroso quanto inesquecível.
Marcos nasceu em Rio Verde (GO) e faleceu em Rio Verde (GO), aos 59 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela filha de Marcos, Mayara Tuany Martins Ferreira. Este tributo foi apurado por Gabriele Ramos Maciel, editado por Renata Meffe, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 19 de setembro de 2020.