1966 - 2020
Conhecido como Rato nas rodas de Porto Velho, era um amante do grande ritmo brasileiro, o samba!
Esta é uma carta aberta de Antonio Serpa para seu amigo, Marcos:
Adeus, Rato da Madrugada.
Lépida como um gato, a morte capta, enlaça e leva o rato; e o vazio flui e flerta com a saudade, que arde atroz ante o gesto algoz que levou de nós o sambista em tenra idade.
Batucada nunca mais, nunca mais rima, nunca mais rato, nem esgrima de pagode entoando no boteco; nunca mais violão, nem tantã, nem afã de alegria, nem surdão, nem reco-reco.
Tombado e morto, jaz o corpo do jovem moço, diz que artista, ou malabarista de fato, descendo à terra por entre o capim ou o mato; sem nosso abraço, adeus ou compaixão mais de perto.
E assim, no acaso do incerto, foi-se o rato mundano a trotar seu destino; morreu o homem, ficou o menino.
Do sorriso, a saideira; da mesa de bar, a batida do não violão; um murmúrio lamentoso de saudade entoando uma canção.
Porque não se foi rato apenas, foi antes bem-te-vi, curió ou uirapuru-do-sertão.
Foi-se como tudo vai um dia, como no raiar do sol finda a boemia, como no nascer da dor finda a alegria, como no fim do amor, às vezes, é a solidão!
Marcos nasceu em Porto Velho (RO) e faleceu em Porto Velho (RO), aos 54 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pelo amigo de Marcos, Antonio Serpa do Amaral . Este tributo foi apurado por Beatriz Maia, editado por Cristina Marcondes, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 12 de setembro de 2020.