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Marcos Ramos Batista

1966 - 2020

Não gostava de ver ninguém triste e dizia que a vida era muito curta para se preocupar demais.

No trabalho, todos o chamavam de Marcão: “Não apenas porque era alto e grande, mas também devido ao coração generoso e amigo que possuía”, explica sua esposa Joice, dizendo que, além de disciplinado, o marido era conhecido pela gentileza: “Ele passava todo seu conhecimento, na profissão de gerente de loja, para os novos colegas de profissão. Era uma pessoa incrível, de caráter ímpar”.

Joice diz que Marcos “era aquele vizinho de poucas palavras, mas benquisto por todos”. Gostava de ficar em casa com a família e ouvir música, de preferência pagode. “Não podia faltar uma cervejinha e uma boa conversa regada a risos e muita alegria”, afirma a esposa.

Ela conta que o marido era dono de um abraço acolhedor e que costumava saudar as pessoas com cumprimentos característicos: “E aí, mano?", "E aí, mana?” Quando o filho mais velho chegava em casa para vê-lo, ele falava: “E aí, meu irmão?"

Marcos não gostava de ver ninguém triste e tinha sempre uma palavra de conforto para quem precisasse. “Ele dizia que tínhamos que espantar a tristeza, pois a vida era muito curta para ficar triste ou se preocupar demais”, relata Joice.

Para a esposa, Marcos era um parceiro e tanto: “Era o provedor da casa, ótimo pai, marido e amigo”. Quando ele completou 50 anos, veio ao mundo seu filho Miguel. “Cuidou do filho desde recém-nascido e estava muito feliz. Depois da reforma da casa, tinha o sonho de comprar um carro. Falava, também por causa do filho pequeno, que estava na hora”, relata Joice.

A última conversa do casal foi pelo telefone, quando Marcos já estava hospitalizado. “Ele não era muito de falar ‘eu te amo’, dizia que era melhor demonstrar com atitudes do que com palavras. Mas, nessa conversa, disse que me amava e me mandou um último beijo”, relembra a esposa.

"Você foi com Deus e aqui continuamos com Ele. Seu sorriso e sua simplicidade ao lidar com as adversidades da vida serão levados para sempre como ensinamentos para nossos filhos e netos. Honrarei sua memória até o último dia da minha vida", despede-se Joice, afirmando que os bons exemplos de Marcos nunca serão esquecidos.

Marcos nasceu em Manaus (AM) e faleceu em Manaus (AM), aos 53 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela esposa de Marcos, Joice Barbosa Gadelha. Este tributo foi apurado por Lígia Franzin, editado por Renata Meffe, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 21 de setembro de 2020.