1930 - 2020
Força, simplicidade, piada, um pedaço de bolo guardado para o vizinho(a) e um café preparado especialmente para cada filho(a).
Língua afiada e sem papas na língua. Essa era Maria Augusta. Nascida em 1930, no interior de São Paulo, "Dona Augusta", como era chamada por aqueles que conviviam com ela, foi uma mulher batalhadora que atravessou tempestades desde cedo. Órfã dos pais ainda criança, partiu para a cidade grande para fazer a vida.
Foi em São Bernardo do Campo que viveu a maior parte do tempo. Ali construiu família, criou quatro filhos, duas mulheres e dois homens, em um bairro simples da cidade do ABC Paulista.
Como muitas Marias desse Brasil, sofreu, chorou, lutou, resistiu e insistiu na vida mesmo diante das inúmeras dores e marcas carregadas pelo caminho. Não perdeu o deboche. A coragem. A bondade. A vontade de dizer aquilo que pensava para quem quer que fosse.
Foi uma mulher que riu muito, contestou, criticou, brincou, lutou e insistiu na vida até o fim. Vai ser lembrada pela simplicidade, pelas piadas, pelo pedaço de bolo guardado para o vizinho, pelo café da manhã preparado especialmente para cada filho/a, pela ironia do olhar e as verdades escancaradas nas palavras soltas ditas com coragem. Vai ser lembrada por ser uma mulher forte, que abriu caminho para as gerações seguintes de mulheres da família. Vai ser lembrada como uma mulher que, apesar de tudo, ensinou que, como bem escreve Milton Nascimento e canta ainda melhor Elis Regina: "é preciso ter manha, graça, sonho e possuir essa estranha mania de ter fé na vida."
Maria nasceu em Americana (SP) e faleceu em Santo André (SP), aos 89 anos, vítima do novo coronavírus.
Jornalista desta história Luciana Figueiredo, em entrevista feita com neta Juliana Lima Brito, em 20 de julho de 2020.