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Maria Clemencia de Oliveira Lisboa

1959 - 2020

Realizou o sonho de ter uma casinha em Itororó: seu ideal para fugir da rotina da cidade grande.

Mais conhecida como Nenza pelos parentes e amigos, conhecida como tia Nenza pelos sobrinhos e sobrinhas, chamada carinhosamente pelo filho, Romilson, como Samarica, foi muito amada e amou demais os seus. Os apelidos, todos carinhosos, foram uma demonstração de amor à extraordinária mulher que foi Maria Clemencia. Nordestina, sempre teve uma vida simples na roça, era dedicada ao trabalho e aos cuidados com a família.

Foi para o Rio de Janeiro e morou de aluguel por anos, trabalhou duro como doméstica para ajudar no sustento da casa e na educação dos filhos; depois, ela e o marido conseguiram a tão sonhada casa própria, que foi construída aos poucos num terreno comprado depois de tanta luta.

"Minha mãe sempre viveu do trabalho, ajudando meu pai. Além de mãe, era ela que sempre dava a última palavra lá em casa", relembra Romilson. O casal teve quatro filhos e, por toda a vida ela batalhou para garantir os estudos de todos, agora já formados e com suas próprias famílias. Mas, mesmo assim, continuava ajudando cada um no que fosse possível.

"Gostava de casa cheia e um simples churrasquinho, pra comemorar qualquer coisa, já estava ótimo pra ela. Era uma cozinheira de mão-cheia e, além de eu ter aprendido a cozinhar com ela, adotei em minha própria casa vários costumes que minha mãe mantinha em nossa casa", comenta o filho saudoso.

Tinha o desejo de voltar pra cidade natal, pois considerava a cidade do Rio de Janeiro muito violenta. Com o intuito de ficar mais perto dos familiares, conseguiram montar uma casinha na cidade de Itororó e, sempre que possível, viajava pra lá.

"Nossa família sempre foi unida e graças à educação dada por ela e meu pai, nunca tivemos brigas sérias que abalassem nossa estrutura", afirma com gratidão o filho.

Maria Clemencia sempre foi forte; mesmo quando adoecia, tomava um remedinho aqui, outro ali e pronto, ficava boa de novo. Teve a honra de conhecer todos os netos e de carregar no colo cada um deles. Todos se lembram da avó com muito carinho, pois o mesmo amor e atenção que ela deu aos filhos, deu também a eles.

"Enfim, minha mãe foi uma guerreira, viveu muito bem seus 72 anos. Seus exemplos sempre serão seguidos por nós", finaliza Romilson com o coração carregado de amor e saudade.

Maria nasceu em Itororó (BA) e faleceu no Rio de Janeiro (RJ), aos 71 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pelo filho de Maria, Romilson de Oliveira Lisboa. Este tributo foi apurado por Eleonora Marques, editado por Maria Clara e Ana Macarini, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 31 de maio de 2021.