1970 - 2020
Muito vaidosa, prestava atenção às roupas das atrizes de novela para copiar os figurinos.
Nati, como gostava de ser chamada, era uma pessoa meiga, companheira, extrovertida e humilde. Tinha uma pequena deficiência nos pés ─ eram um pouco tortos ─, mas isso não tirava sua vontade de viver.
Muito vaidosa e atenta com roupas e acessórios, olhava o figurino das atrizes de novela e queria fazer igual. Seu grande defeito era a teimosia e a incompreensão com as coisas. Não gostava de ser contrariada.
Gostava de ajudar o próximo e sempre sonhou em ter condições para amparar financeiramente toda a família. Não chegou a se casar, não teve filhos e sempre morou com a mãe. Nati nunca trabalhou com carteira assinada, fazia alguns bicos perto de casa como babá e gostava muito de crianças.
A partir de um diagnóstico de lúpus, foram surgindo outros problemas de saúde. Vieram a gastrite nervosa, a síndrome do pânico, uma infecção renal, muitas dores nas articulações, câimbras, inchaços e algumas deformações pelo corpo. Por último, ficou diabética e com hérnia de disco. Começou a perder os movimentos das pernas e o equilíbrio. Apesar de tudo isso, mantinha sua vontade de viver.
Adorava ir à igreja, ali era seu refúgio, seu hospital, um refrigério para a alma.
"Às vezes, chorava muito e dizia que não iria aguentar, mas eu sempre dava forças pra ela não desistir da luta, pois um dia a cura iria chegar", conta Joana, irmã de Nati.
Parecia uma criança frágil, mas, ao mesmo tempo, sentia-se confiante. Era carismática, ria de tudo... e essa é a imagem dela que será eternizada.
Maria nasceu em Paço do Limiar (MA) e faleceu em São Luís (MA), aos 49 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela irmã de Maria, Joana Maria Gouveia Reis. Este tributo foi apurado por Malu Marinho, editado por Raiane Cardoso, revisado por Lígia Franzin e moderado por Phydia de Athayde em 23 de fevereiro de 2021.