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Maria de Fátima Anastácio da Silva

1972 - 2020

Seu coração era abrigo para toda a família, que só dividia espaço com a alegria.

O sorriso era a sua marca registrada, além do olhar capaz de comunicar no lugar das palavras.

Para Maria de Fátima ter a casa cheia significava felicidade. Por isso, mantinha a porta aberta para todos: amigos, familiares e vizinhos faziam questão de estar sempre presentes. Mesmo se fosse ela que precisasse de acolhimento, Maria de Fátima preferia ser abrigo.

A filha Juliane Caroline relata que, aos fins de semana, a mãe costumava se reunir com as amigas para soltar as mais belas gargalhadas. E relembra da última visita da mãe, quando elas se sentaram na beira da praia e riram tanto de um certo acontecimento que quase fizeram xixi nas calças. "Éramos muito ligadas e muito bobas para rir", conta Juliane.

Uma leoa com a família e comprometida com tudo aquilo que se propunha a fazer, Maria de Fátima abria mão da própria felicidade pelas duas filhas. E foi fazendo uso dessa força e da fé inabalável que ela lutou a vida toda e até o último momento, impressionando inclusive os médicos.

Maria de Fátima amou a todos de um jeito tão profundo que para Juliane só resta agradecer por terem sido agraciados com sua presença. "Sei que não se foi, pois seus frutos vivem. Minha árvore bonita desprendeu da terra as suas raízes para ser finalmente livre", ela diz, e completa: "A liberdade foi um dos seus últimos pedidos em vida, pois assim se fez".

Maria nasceu em Goiana (PE) e faleceu em Moreno (PE), aos 48 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Maria, Juliane Caroline . Este tributo foi apurado por Lígia Franzin, editado por Mariana Quartucci, revisado por Gabriela Carneiro e moderado por Rayane Urani em 11 de dezembro de 2020.