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Maria de Lourdes Nunes

1949 - 2020

Católica exemplar, cuidou da família e praticou a caridade, ajudando quem precisasse.

Rigorosa, gostava de todas as coisas certas, tudo no seu devido lugar. O jeito era duro, mas o coração era cativante com um amor que era só de Maria.

Dividiu a jornada durante 45 anos com Cícero, e o que fez da vida mais leve. Os dois eram um casal exemplar, sempre repletos de amor e carinho, superando todas as dificuldades e percalços que surgiram. O amor se estendeu na forma de quatro filhos, que o casal educou com muita responsabilidade e afeto. Maria era mãe durona, mas sempre pensando no bem dos filhos, e ensinando que o caminho do bem é árduo, mas é o único que vale a pena. Foi uma avó dengosa, sempre mimando os netos e se fazendo presente. Sabia o valor da família, e por isso valorizava e cuidava da sua sempre.

Católica fervorosa, era membro da legião de Maria do coração de Jesus. Devota de São Francisco de Nossa Senhora Aparecida e de Nossa Senhora da Saúde, sempre participava das festividades religiosas dedicadas a eles. Ajudava nos eventos da Igreja, mas fazia ainda muito mais. Assim como a Mãe de Jesus, essa Maria também respeitava muito as lições por Ele deixadas. Levava a sério os ensinamentos sobre caridade e bondade, e estava à disposição de quem dela precisasse. Animada, adorava se reunir com a família em datas como Natal e Páscoa, e chegou a coordenar e quadrilhas nos dias de São João na cidade onde morava, além de ser a costureira dos vestidos de quadrilha, ocupação da qual tinha muito orgulho, e que desenvolvia com uma maestria só dela. “Boas Ave Marias faz quem em sua casa tá em paz” dizia sempre.

Nunca esquecia a data de aniversário de ninguém, sempre lembrava com carinho do ano novo particular de cada um. Gostava muito de preparar uma deliciosa buchada, e não abria mão de reunir os que amava para dividir esse momento e esse prato, tão especiais.

Maria de Lourdes se foi, deixando saudade em todos que conheceram o jeito duro e sábio que apenas ela tinha. Sem Maria, os vestidos de São João não serão mais tão lindos, e sempre vai faltar suas felicitações nos aniversários. Familiares e amigos se recordam saudosos da mulher forte, batalhadora e amável que ela foi, e sabem que a saudade é temporária. Quando for o tempo certo, se reunirão outra vez para matar a saudade que mata um pouquinho todos os dias. De lá, Maria segue intercedendo pelos seus junto de quem pode. Possivelmente está agora fazendo mais Ave Marias do que nunca, afinal, não apenas sua casa, mas também sua alma, alcançou a paz.

Maria nasceu em Floresta (PE) e faleceu em Paulo Afonso (BA), aos 70 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de Maria, Rita de Cássia Nunes. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Bárbara Aparecida Alves Queiroz, revisado por Emerson Luiz Xavier e moderado por Rayane Urani em 11 de junho de 2021.