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Maria do Carmo da Silva

1948 - 2020

Devota de Padre Cícero, adorava cozinhar e cuidar da família. Generosa, multiplicava e dividia o que possuía.

Conhecida por sua generosidade e coração leve, Maria do Carmo ou “Socorro”, como era chamada pelos familiares e amigos próximos devido ao nome de solteira, mudou-se para Natal, no Rio Grande do Norte, ao se casar com o Sr. Antônio, seu companheiro por cinquenta e três anos. Dedicada aos filhos e aos cuidados da casa, até tentou trabalhar fora, mas como não tinha com quem deixar as crianças, abriu mão e se dedicou aos afazeres domésticos.

Maria do Carmo sempre dividia o que possuía e multiplicava entre os familiares. Sonhava em ajudá-los financeiramente e quando recebia algum mimo, partilhava com todos. Viveu para cuidar dos cinco filhos e do esposo, e mantinha uma eterna saudade do filho Carlinhos, que morreu em um acidente de moto aos 18 anos.

Sua casa estava sempre cheia, coberta pelo afago dos filhos, netos e bisnetos. Tinha prazer em contar aos familiares que nutria um carinho especial por três pessoas: o genro Júnior, a nora Janaína e o sobrinho Raimundo, de quem ela cuidou quando criança.

Dona Maria adorava cozinhar. Na sua casa, ninguém ficava de prato vazio e ela mesma se encarregava de servir a comida. "Gostava de fazer receitas simples, porém deliciosas e salpicadas de amor", recorda a filha Valquíria. “Fazia uma galinha que todos elogiavam, a neta Heloiza, por exemplo, sempre fala do feijão que minha mãe fazia. Não sabia qual era o tempero certo, mas estava sempre muito gostoso”, conta Valquíria.

A filha lembra que sempre que ia visitá-la, a mãe estava na cozinha, em uma cadeira de balanço, ouvindo músicas religiosas ou acompanhando a programação da TV Canção Nova. Católica, não era de estar sempre na igreja, mas falava com o Senhor no silêncio do seu quarto, rezando o terço quase todos os dias. Era devotada de Padre Cícero, e anualmente viajava para Juazeiro do Norte. Pela intercessão do Padre, acreditava que conseguiu a cura de seu sobrinho Raimundo ─ Maria sempre disse que foi Padre Cícero quem operou o milagre.

Maria do Carmo partiu deixando muitas saudades. Generosa, ensinou a multiplicar, somar e dividir o que possuía.

Maria nasceu em Apodi (RN) e faleceu em Natal (RN), aos 72 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de Maria, Maria Valquíria da Silva Gonçalves. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Gabriel Rodrigues, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 3 de fevereiro de 2021.