1954 - 2020
Tinha a voz, os gestos e o coração marcantes. Era forte e não esperava por nada nem por ninguém.
Mais conhecida como Rose, era a moradora mais popular do bairro onde morava. Dona de risadas marcantes que, somadas ao seu tom de voz sempre alto, garantiam seu carisma.
A mãe de Patrícia, Priscila e Paulo amava cozinhar, principalmente comidas mineiras, como frango com quiabo. A filha Patrícia conta que a mãe compartilhou muitas brincadeiras e gargalhadas com os filhos, e relembra: "Um dia, o Paulo disse que o nome do prato era 'frango com diabo', ao que, prontamente, ela retrucou: 'o diabo não entra aqui em casa'". Seus momentos de raiva, entretanto, duravam pouco, dado seu coração bom e seu jeito mãezona de ser.
Dona Rose tinha os cabelos todos brancos e orgulhava-se deles, principalmente quando elogiavam. Ela gostava de enviar áudios diários, com mais de três minutos cada, com orações e recados para familiares e amigos. Era muito religiosa e frequentava a igreja. Gostava de fazer hidroginástica e fez grandes amigas no grupo que se exercitava na piscina.
Gostava de festejar e, durante as comemorações dos seus 60 anos, enquanto segurava o bolo, escorregou na escada. Durante a queda, abraçou o bolo com tanto carinho que, embora ela tenha se machucado levemente, ele permaneceu intacto.
Maria nasceu em Sabinópolis (MG) e faleceu em São Paulo (SP), aos 65 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de Maria, Patrícia Aparecida Silva Macedo. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Alexandre Ramos Costa, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 3 de fevereiro de 2021.