1939 - 2020
Ensinava que devemos falar menos e escutar mais.
Era uma pessoa inigualável em transmitir amor e cuidado, amava servir a todos. Chamada de Dona Hilda, ou irmã Hilda, a adventista do sétimo dia era terna em todos os aspectos, incluindo a expressão dos traços. Mas tinha um olhar forte. Vestia-se sempre de forma discreta, e a pequena estatura contrastava com sua grandiosidade humana.
Guerreira era o adjetivo perfeito para ela. Sua vida não foi fácil. Perdeu a mãe, Francisca, ainda jovem, e passou tempos difíceis sendo criada por parentes.
Quando conheceu o amor de sua vida, Gonçalo, fugiu da casa da tia em Altos, no Piauí, para a cidade maranhense de Timon, e assim conseguiram se casar. Passaram cinquenta anos juntos e criaram nove filhos, com dificuldade mas muito amor. Ele era padeiro e ela fazia serviços domésticos para famílias.
Além dos filhos, ajudou a criar seus 17 netos e três bisnetos, incluindo a neta Jenifer, que considera Hilda sua mãe. “Como era bom sentar em seu colo, escutar sua voz ao ler a Bíblia ou quando cantava um hino para nos fortalecer”, lembra a neta.
O que Hilda mais gostava de fazer era trabalhar para o bem do próximo. Uma característica marcante era a paciência. Ah, como era paciente! Gostava muito de conversar, porém acima de tudo era uma ótima ouvinte.
Gostava de ajeitar os cabelos. Com o passar do tempo os fios ficaram mais escassos, e era um passatempo carinhoso dos netos penteá-los cuidadosamente.
Aos familiares transmitiu valores como lealdade, fé e compaixão. Com saudades, Jenifer encerra sua homenagem: “Quanto nos ensinou, quanto cuidou de nós... Obrigada, mãe, por tudo!”
Maria nasceu em Altos (PI) e faleceu em Timon (MA), aos 82 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela neta de Maria, Jenifer Pereira da Silva Araújo. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Isabela Andrade, revisado por Fernanda Ravagnani e moderado por Rayane Urani em 20 de julho de 2021.