1947 - 2020
"Quem manda na minha casa sou eu" era o lema de Dona Maria, a mãezona da vizinhança.
Dona Maria era de uma simplicidade incomum. Os sofrimentos que passou na vida ficavam escondidos sob um sorriso largo no rosto. E, quando se tratava de mostrar autoridade, não se fazia de humilde; deixava bem claro quem é que mandava em seu território particular.
Como mãe e avó, carregava uma grande preocupação com os familiares, justificada pela dolorosa experiência de ter perdido um filho. Sentia-se muito orgulhosa das filhas e da neta e gostava de contar todas as conquistas delas a quem quer que encontrasse, inclusive pessoas que não conhecia.
Com uma enorme sabedoria, deixou marcas com seus inesquecíveis bordões: "não acredito" (falado do jeito dela), "mãe do céu" ou ainda "óiiii aííí"!
Não media esforços para ajudar o próximo. Sua filha Josimeire diz que ela era um verdadeiro patrimônio da Rua Waldemar Sanches, amiga e mãezona de toda a vizinhança. Sua generosidade chegou ao ponto de, no dia em que precisou se internar, ter tentado convencer o médico a deixar a vaga dela para alguém que estivesse em situação pior.
Sua marcante forma de viver deixou nas pessoas de seu convívio o desejo de ter pelo menos mais um dia ao seu lado, diz a filha.
Maria nasceu em Monte Aprazível (SP) e faleceu em São José do Rio Preto (SP), aos 73 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela filha de Maria, Josimeire Camillo dos Santos. Este tributo foi apurado por Malu Marinho, editado por Vera Dias, revisado por Fernanda Ravagnani e moderado por Rayane Urani em 8 de agosto de 2021.