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Maria Ivonete Alves de Oliveira

1945 - 2020

Voz grave que amava ecoar e um coração de fé que não se deixava abalar.

Professora, que amava estar na companhia de muitas pessoas, principalmente seus vizinhos, amigos e irmãos, com os quais adorava manter longas conversas.

Era muito religiosa e devota de Nossa Senhora de Fátima. No hospital, ela dizia "Os médicos ficam admirados com minha vitalidade e recuperação. Sou protegida por Jesus e não é qualquer coisa que me abala", conta a amiga Eliete.

Sempre se dispunha a tomar frente para ajudar todos. “Ela me criou e me incentivou a viver de um modo responsável e livre, ensinou-me a não aceitar e a não reproduzir o machismo. Ao contrário disso, ensinou a cultivar e construir independência e autonomia, a viver tudo que faça bem a mim sempre com a consciência que o universo tem uma lei imposta a tudo e a todos: a lei de ação e reação”, conta a filha Juliana.

Amava a vida e sua vontade de viver era imensa. Lutou contra problemas de saúde como um AVC hemorrágico e um câncer de mama. Sua resiliência causava admiração em todos ao seu redor.

Amava perdidamente a única filha, seus irmãos e, durante quase cinquenta anos, foi casada com João Evangelista, seu grande amor, num relacionamento que exalava mútua humildade e sabedoria. Almejavam uma vida boa, abençoada, simples e com as riquezas reais: saúde e paz.

Maria Ivonete, possuía uma voz grave e alta, liderava nas conversas e era firme em suas convicções. Sempre foi muito comunicativa e a animação, a fé em Deus e a generosidade eram suas marcas de personalidade.

“Em março, após chegar de um posto de saúde onde foi se vacinar contra a gripe, entrou em casa gritando: 'João, acorda e vá encontrar Juliana no estacionamento pra ir tomar a vacina'. Estávamos em casa, dormindo após o almoço, e quase morremos do coração com tanta gritaria dela pra fazer o João ir logo tomar a vacina”, conta Eliete.

Era uma mulher extremamente responsável e, a cada seis meses, fazia suas revisões médicas.

Sua voz grave e fé ecoarão eternamente nos corações que ela tocou aqui na Terra; e hoje, as lembranças extraordinárias confortarão aqueles que amavam-na.

"Minha mãe, a você toda minha honra, amor e gratidão. A você devo muito de quem me construo a cada dia. Abraço forte. E até os reencontros da existência. Você sempre vai morar no meu coração", declara a filha Juliana.

Maria nasceu em Itapipoca (CE) e faleceu em Fortaleza (CE), aos 75 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela amiga e pela filha de Maria, Eliete Santos e Juliana Alves. Este tributo foi apurado por Patrícia Garzella, editado por Aléxia Caroline, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 7 de dezembro de 2020.