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Maria José da Silva Araújo

1966 - 2020

Ela era a alegria dos dias de seus familiares.

Zezé, como era chamada por aqueles que a amavam, era apaixonada pelos filhos e netos. Tinha 14 irmãos e se dava bem com todos. Era a mais engraçada entre eles. Quando Zezé encontrava a irmã Maria, não havia sorriso que ficasse guardado, riam até do vento que soprava. Ficavam tardes inteiras relembrando da infância e sorrindo sem parar. Quem passava por perto também não conseguia se segurar e acabava dando risada também, o que levava Zezé a dizer: “olha Maria, ele está rindo sozinho!” e novos sorrisos se davam novamente.

Gostava de comer baião de dois com feijão-verde, e não abria mão de se encontrar com a família. Adorava fazer sabão caseiro, e sempre os distribuía entre as pessoas da família. Era querida por todos. Uma mãe de dar inveja, sempre levava o filho, já adulto, todos os dias ao ponto de ônibus. Converteu-se à Igreja Evangélica e disse que ali encontrou Jesus. Sonhava com o esposo se juntando a ela na igreja. Havia conseguido um trabalho como cuidadora e estava feliz com o emprego.

Zezé fará muita falta. Ninguém sorri como ela.

Maria nasceu em Tianguá (CE) e faleceu em Brasília (DF), aos 54 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela sobrinha e amiga de Maria, Danielle Campelo do Nascimento. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Bárbara Aparecida Alves Queiroz, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 2 de novembro de 2020.