1929 - 2020
Para "Vovó Maria", cada plantinha era única, assim como cada um de seus netos.
Maria José, ou para os íntimos, "Vovó Maria", foi muito e deixou um tanto, parafraseando Novos Baianos. E é por isso que a sua partida é um festival de boas memórias e muito carinho envolvido.
Aos 91 anos, Dona Maria era sinônimo de lucidez e altivez, dessas que fazem e acontecem por onde passam e deixam os mais jovens de queixo caído.
Senhora de fé imensurável, de unhas e cabelos sempre arrumados, teve postura elegante e inspiradora até mesmo ao assumir os seus fios brancos, coisa que ninguém acreditava ser possível um dia acontecer. Mas ela era assim: surpreendente e independente em todas as suas decisões.
Apesar de ser uma costureira de mão-cheia, seu principal ofício era ser avó. Era capaz de tratar até mesmo suas tão preciosas plantinhas como netinhas, respeitando seus tempos e sentimentos particulares. Sim, para ela, cada planta sua reservava uma individualidade digna de ser respeitada.
"Isso não é lugar de brincar", dizia ela aos netos, que insistiam em desenvolver suas mais mirabolantes brincadeiras perto do lugar sagrado que era o seu jardim.
Maria José, ou para os íntimos, "Vovó Maria", que de tão avó, mais parecia mãe. O desejo mais profundo dos que aqui ficaram é que o Céu seja repleto de pizza e sorvete, suas comidas favoritas, e que seja o mais lindo de todos os jardins.
Maria nasceu em Camela (PE) e faleceu em Recife (PE), aos 90 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela neta de Maria, Michele France Paula da Cruz. Este tributo foi apurado por Ricardo Pinheiro, editado por Gabriela Monteiro, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 26 de junho de 2020.